Não há melhor promotor de vendas do setor de reprodução que os mercados do boi gordo e reposição firmes.
Com o produto da cria valorizado, o produtor tende a investir, uma vez que o negócio vai bem.
Obviamente os custos devem ser considerados. Mas, de maneira geral, a cria no Brasil não utiliza insumos de maneira intensiva.
No caso da alimentação, uma suplementação mais consistente não é prática difundida, fato este comprovado pela última estação de monta.
Quando a chuva falhou, a vacada, dependente de pasto, não recuperou condição corporal a tempo e os resultados foram menores que o esperado.
Com isto, ao longo do ano ficou a expectativa quanto aos efeitos da última estação na vontade de investir.
O mercado firme do boi gordo e da reposição ao longo do ano, salvo nas desovas, como na entrada da seca e saída do confinamento, parece ter superado os tropeços da última estação.
RECEPTORAS
Dos mercados ligados à reprodução, o de receptoras tem sido o mais comedido.
Em 2011, os negócios com esta categoria não tiveram boa movimentação, na comparação com anos anteriores. O mercado vem se retraindo nos últimos dois anos.
A utilização de fêmeas do próprio rebanho se tornou uma prática comum entre os pecuaristas.
Quando comercializadas, as cotações giram em torno de 12@ de boi gordo.
A pressão dos custos sobre pequenas e médias centrais aumentou e algumas delas deixaram a atividade.
De maneira geral, a utilização de transferência de embriões (TE) e fertilização in vitro (FIV) para a produção de tourinhos cresceu, quando comparada à produção de animais de pista.
Nestas ocasiões, como o volume de embriões transferidos é maior, os preços cobrados pela prestação do serviço são menores.
O aumento do número de profissionais ligados à reprodução tem gerado concorrência neste setor, o que também colabora para a diminuição dos preços.
Em São Paulo, segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço médio da fêmea prenhe, com serviço incluso, está em torno de 22@ de boi gordo.
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Em 2010 o mercado de inseminação artificial registrou recorde nas vendas de sêmen. Segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), foram 10,4 milhões de doses, ante 9,16 milhões em 2009, aumento de 13,7%.
Desde 1990, as variações anuais das vendas de sêmen foram positivas 16 vezes.
Houve queda em quatro anos. Os dois últimos foram em 2005 e 2006, devido aos preços pecuários em queda.
A movimentação tem sido boa e o aumento das vendas de sêmen dos últimos anos tende a se manter em 2011.
Considerando o período desde 2007, quando o mercado retomou o crescimento após patinar na fase de baixa do ciclo de preços, o aumento anual das vendas tem sido de 11,5%, em média. Estimando esta variação para 2011 teríamos cerca de 11,6 milhões de doses.
TOURINHOS
Em 2011 o mercado de tourinhos teve boa movimentação.
Considerando a média das praças pesquisadas, o preço dos tourinhos Nelore PO entre agosto e outubro de 2011 foi de R$4.420,00. Houve queda de 2,3% em relação ao mesmo período de 2010, quando eram negociados por R$4.520,00.
Apesar de preços médios ligeiramente menores, os volumes têm superado os observados no ano passado.
PERSPECTIVAS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2009 e 2010 o rebanho bovino cresceu 2,1%, atingindo 209,5 milhões, recorde. Entre 2007 e 2010 o aumento no efetivo bovino foi de 4,9%.
Um rebanho maior significa mais fêmeas, com maior demanda por tourinhos, sêmen e insumos relacionados.
Este aumento de rebanho, que movimenta o mercado de reprodução, deve ser observado com atenção.
A partir de certo nível de oferta, os preços da reposição podem se tornar menos atrativos e gerar retração no investimento.
Um mercado mais frouxo para a reposição influencia fortemente o retorno do investimento atual em genética, que deve ser avaliado com critério.
Taxas de prenhez em alta de nada valem se o caixa estiver negativo.
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