Ao contrário de 2010, o mercado de reposição em 2011 foi mais controlado. Apesar de ter havido altas em valores nominais de janeiro a dezembro, elas não devem ser suficientes para cobrir a inflação, medida pelo IGP-DI.
A maior variação acumulada de preços dentre os machos anelorados, entre janeiro e dezembro, considerando os preços de São Paulo, ocorreu para o bezerro, de 4,9%. Tabela 1.
No mesmo período, a inflação calculada pelo índice da Fundação Getúlio Vargas acumulou alta de 5,2%, o que indica que, em valores deflacionados, é muito provável que tenhamos um ano de queda de preços para a reposição.
Em 2010, as altas registradas foram bem mais acentuadas para todas as categorias.
Para fins de comparação, a maior alta de 2010, para o boi magro, foi de 29,7%.
Para o garrote e bezerro, foram de 21,3% e 18,7%.
A grande diferença, e talvez a razão dos preços mais comedidos para a reposição em 2011, foi o desempenho do boi gordo.
No acumulado do ano passado, em valores nominais, o boi gordo subiu 39,1%, também com base em São Paulo. Em 2011, caiu 1,4%.
Este ano, o destaque foi mesmo a manutenção dos preços altos para o bezerro em relação às demais categorias.
A categoria não foi só a que mais se valorizou nos últimos treze meses, mas também se manteve na liderança da valorização ao longo do ano. Figura 1.
AS RELAÇÕES DE TROCA
Para as relações de troca com a reposição, 2011 foi um ano sem muitas variações.
O poder de compra do recriador e do invernista ficou em cima da média histórica de longo prazo.
As médias de 2011 para as relações de troca com o bezerro e com o boi magro em São Paulo ficaram em 2,11 e 1,36, respectivamente. Exatamente as médias históricas desde 1996.
Em virtude disso, podemos dizer que foi um ano que apresentou um poder de compra equilibrado para quem faz recria e engorda. Nem bom, nem ruim.
Porém, colocando o ano passado em perspectiva, houve uma boa recuperação das relações de troca, comparando os primeiros semestres.
Ao passo que no ano passado a reposição subiu forte e ficou cara em relação ao boi, com o piso das relações em maio, tivemos um primeiro semestre mais ameno em 2011. Figura 2.
No ano passado a relação de troca com o bezerro atingiu o piso histórico, permitindo a compra de 1,75 bezerro com a venda de um boi gordo de 16,5@.
No primeiro semestre de 2011 também houve diminuição do poder de compra, em razão do mercado do boi gordo patinando e da reposição em alta, mas que foi recuperado no segundo semestre, com a reação do boi.
O fato é que as variações de 2011 foram bem menores que de 2010.
EXPECTATIVAS PARA 2012
Como expomos ao longo do ano, a situação nos últimos anos é de recuperação gradativa de oferta.
Os levantamentos têm mostrado que a oferta de animais está maior, apesar de aparecer aos poucos, sem alarde, como é típico de uma atividade de ciclo longo como é a pecuária. Os próprios preços mais controlados também confirmam isso.
Tivemos uma situação de maior abate de fêmeas este ano. Isso liga uma luz de alerta no mercado.
Porém, pelo lado dos preços da reposição, como vimos, não se justifica um abate desenfreado de matrizes.
Outros fatores certamente tiveram importância nesse contexto, como a falta de bois no mercado, comprovada pelo menor abate de machos, o que deixou a relação macho-fêmea bastante estreita em 2011.
De qualquer forma, em valores reais (deflacionados), houve queda de preços para a reposição. Para o boi gordo ainda mais.
A oferta de animais jovens deve continuar se expandindo em 2012. Deveremos ter mais um ano de preços historicamente razoáveis, mas vale acompanhar o mercado de perto.
O processo de retenção de fêmeas vem de 2006. Em algum momento a oferta de animais vai aumentar com mais força. É prudente que o planejamento leve em conta as fases de alta e baixa de preços, principalmente com relação aos investimentos.
Nesta análise, o mercado de reposição, especialmente o do bezerro, é uma importante ferramenta para o acompanhamento do ciclo pecuário e auxílio na tomada de decisão.
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