A balança comercial brasileira registrou, em 2011, superávit de US$29,79 bilhões, o maior dos últimos quatro anos.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações e as importações brasileiras cresceram em 2011, batendo recordes, o que levou ao aumento de 47,8% do superávit comercial em relação a 2010.
Superávit significa, no que diz respeito à balança comercial, que durante determinado período de tempo a receita obtida com a exportação foi superior às despesas com as importações.
O resultado contrário desta dinâmica é o déficit comercial.
As exportações de soja, sobretudo para o mercado chinês, minério de ferro e petróleo, entre outros produtos, contribuíram para o aumento do saldo comercial brasileiro no ano passado. China, Estados Unidos e países da África foram os principais destinos das exportações brasileiras em 2011.
Existem diversos fatores que podem afetar a balança comercial, sendo alguns: custos com logística de exportação/importação; políticas adotadas por cada país em relação ao comércio internacional; renda dos habitantes dos países envolvidos, bem como o gosto e as preferências desses consumidores; a taxa de câmbio e o preço dos produtos e serviços nos mercados doméstico e internacional.
Como exemplo, a valorização do real frente ao dólar estimula as importações e diminui a competitividade dos produtos exportados, o que pode afetar negativamente a balança comercial.
O Banco Central do Brasil informou que a meta de superávit primário de 2011 foi cumprida quase totalmente de janeiro a novembro. Para 2012, a meta de superávit primário está em 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Superávit primário é o resultado positivo da subtração entre a receita e a despesa do governo, excluindo os juros da dívida pública. A receita considerada engloba arrecadação de impostos e lucros de empresas estatais. As despesas abrangem obras, manutenções e folha de pagamento de funcionários públicos.
Desta forma, o superávit primário é um dos passos para manter a economia aquecida e, a dinâmica da dívida pública controlada, o que sinaliza menor risco ao mercado.
A crise financeira que está afetando os mercados globais, despesas extras com aumento do salário mínimo e gastos eleitorais são alguns dos fatores que provocam a desconfiança sobre a capacidade do governo brasileiro em atingir, em 2012, a meta de superávit primário estabelecida.
O superávit nominal ocorre quando o valor obtido no superávit primário é suficiente para pagar as contas somadas aos juros das dívidas. Caso haja total quitação dos juros, emprega-se o restante para quitar parte da dívida pública, reduzindo-a.
O pagamento dos juros é necessário para evitar o crescimento da dívida e para provar ao credor que o país tem condições de pagar suas contas, sendo este um fator de decisão para novos investimentos.
Nas projeções do BC, a dívida líquida brasileira deve recuar de 36,6% em 2011, para 35,7% do PIB em 2012. O ano passado também apresentou redução da dívida na comparação com 2010.
Esta redução foi, em grande parte, devida ao câmbio favorável, visto que o setor público brasileiro tem mais ativos (reservas do BC, por exemplo) do que passivos (dívidas) em moeda estrangeira.
O déficit primário representa saldo negativo quando o gasto do governo excede o valor arrecadado, excluindo os juros das dívidas. Déficit nominal, por sua vez, corresponde à soma do déficit primário com os gastos com juros nominais (juros reais mais correção monetária).
Para cobrir este déficit, o governo pode cortar gastos, aumentar impostos, estimular o consumo e exportações para gerar maior receita. Em último caso, pode emitir moeda, o que vai contribuir diretamente para o aumento da inflação, ou contrair dívidas através da emissão de títulos do tesouro nacional.
O BC estima que em 2012 será possível reduzir o déficit nominal dos 2,5% do PIB registrados em 2011, para 1,2% do PIB.
Em outras palavras, o Brasil ainda não paga integralmente os juros da dívida pública.
O Banco Central revelou projeções de redução de déficit nominal, dívida líquida e aumento do superávit primário para este ano, o que, caso aconteça, poderia abrir caminho para maiores investimentos em diversos setores do país.
Deve-se considerar que, ainda que o Brasil esteja exportando mais e consequentemente gerando mais receita e arrecadação, alguns fatores podem comprometer o desempenho financeiro e fiscal do país, como a crise financeira global, os maiores gastos com o aumento de salário mínimo, gastos eleitorais, e as taxas de inflação e câmbio.