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Medida Provisória 552: o que o agronegócio perde


Quarta-feira, 25 de janeiro de 2012 - 17h44

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA).


O governo anunciou em dezembro de 2011 a Medida Provisria 552, que altera artigos das Leis 10.931 e 10.925, ambas em vigor desde 2004. Com relao a alterao da Lei 10.925, relacionada ao setor alimentcio, o anncio desta medida agradou e desagradou a um s tempo. A medida reduzir de 9,25% para zero as alquotas de PIS e COFINS sobre importao e venda de trigo e massas alimentcias at 30 de junho de 2012 e contribuir para diminuir a tributao sobre alimentos. A Associao Brasileira da Indstria de Massas Alimentcias (ABIMA) calcula reduo de at 6% no preo final do macarro a partir deste ano. O produto, que compe a cesta bsica, agora ser desonerado assim como o arroz e o feijo. A cesta bsica poder sofrer reduo no preo, o que poder incentivar o consumo. Os produtos tambm influenciam os ndices de inflao. O Ministrio da Fazenda, que apia a medida, calcula que as isenes devem acarretar perda de arrecadao na ordem de R$813,12 milhes em 2012. Paralelamente, a mesma medida probe o aproveitamento do crdito presumido por parte das indstrias quando o bem for empregado em produtos que sejam isentos da contribuio com PIS/PASEP e COFINS. A medida afeta a cadeia de produo de produtos de origem animal com destino ao mercado interno e para exportao. Crditos presumidos so taxas embutidas ao longo da cadeia produtiva que o produtor no tem como resgatar. Por exemplo, o produtor paga energia eltrica e junto, a contribuio do PIS,COFINS, ICMS,etc.. Ao comprar combustvel, paga estes impostos novamente. Atravs do mecanismo, o governo libera 50% dos 9,25% destes impostos pagos pelo produtor s indstrias, que repassam o crdito em preo aos produtores. A medida provisria, portanto, eleva a carga tributria da cadeia e, pode contribuir para a reduo da competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo porque muitos dos insumos utilizados so tributados pelo PIS e COFINS, o que pode acarretar em aumento de preos dos alimentos. A soja um dos principais afetados indiretamente pela medida. O Brasil o segundo produtor e o quarto processador mundial. Segundo a Associao Brasileira das Indstrias de leos Vegetais (ABIOVE), a nova regra deve elevar os custos do processamento visto que a indstria deixaria de ter um crdito fiscal de cerca de R$900 milhes por safra nas operaes que envolvem a industrializao da soja para exportao e para o mercado interno. No cenrio internacional, os produtos de soja industrializada (farelo e leo) podem ficar mais caros, o que pode reduzir as importaes destes produtos brasileiros. Os embarques de soja em gro tenderiam a aumentar, o que pode deixar o Brasil mais dependente da China, que importa quase 70% da soja brasileira no processada. A dependncia de apenas um mercado, principalmente em meio crise financeira, pode se tornar uma situao indesejada. A situao tambm pode favorecer os concorrentes do Brasil, visto que na Argentina, a tributao menor para os produtos processados. O farelo e leo so menos tributados do que a soja gro. No cenrio domstico, a situao de preos mais altos devido medida provisria no seria diferente. Isto somado a uma menor disponibilidade de soja gro no pas pode encarecer ainda mais o custo de produo dos setores dependentes do farelo de soja, como avicultura e suinocultura, que tambm se mobilizam para a reviso da medida. Sem o repasse do crdito presumido, a arrecadao aumentar. O custo de produo ficar maior, com os preos dos produtos agropecurios sendo reajustados ao longo da cadeia at o consumidor final. Devido aos preos, este pode ser um fator que pressionar para baixo as exportaes brasileiras.
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