Ainda no esto disponveis os dados finais do consumo de fertilizantes em 2011, mas os indicativos at o final de novembro e as expectativas com as entregas de dezembro certamente conduzem a um consumo recorde que ultrapassar os 28 milhes de toneladas, sendo portanto ao redor de 15% maior que o ano anterior.
O estado do Mato Grosso continuar na liderana do consumo e continuar seguido por So Paulo que apresentar um significativo crescimento, impulsionado pelo maior consumo para cana-de-acar.
Alguns fatores contriburam para este aumento substancial no consumo de fertilizante:
- Embora com uma contribuio pequena, o aumento da rea plantada com milho e soja.
- Os bons preos agrcolas no decorrer do ano estimularam o uso de mais tecnologia no plantio com a expectativa de elevar a produtividade, incluindo uma maior taxa de aplicao de fertilizantes.
- A cultura de cana-de-acar deve apresentar um maior consumo, refletindo os esforos na renovao dos canaviais e melhores tratos culturais que estavam comprometidos nos anos anteriores.
Apesar deste grande consumo de fertilizantes, a produo agrcola no apresentar um desempenho proporcional. A situao atual j demonstra esta frustrao principalmente no sul do pas, prejudicada pelas condies climticas desfavorveis. Este fato j ajuda a demonstrar que uma boa safra no se faz somente com o aumento no uso dos insumos mas construda ao longo de muito trabalho para proporcionar condies adequadas de cultivo e manejo das culturas, contando necessariamente com boas condies climticas.
Importaes e mercado internacional
Para garantir o abastecimento deste enorme mercado, claro que foi necessrio um substancial aumento das importaes que, da mesma forma, atingiram um nvel nunca antes alcanado e que no deve se repetir este ano. No grfico a seguir podemos visualizar a quantidade e o aumento das importaes dos principais fertilizantes.
Ao longo do ano j pudemos verificar que o ritmo das importaes sempre foi acima do realizado no ano anterior e caminhava para atingir um recorde, com um total de 20,7 milhes de toneladas de fertilizantes, sem adicionar os produtos bsicos como enxofre, sulfrico, fosfatos, fosfrico e amnia, utilizados na produo dos fertilizantes. Com isso, o balano produo nacional / importaes deve ter atingido um dos piores ndices dos ltimos anos e vamos verificar isso com mais detalhes, assim que os dados completos de produo estiverem disponveis.
Outro aspecto importante que os estoques de fertilizantes na passagem do ano esto mais elevados e devem somar mais de 5 milhes de toneladas. O cloreto de potssio tem o maior volume no estoque. Com o mercado bastante abastecido, a realizao de novas compras ficou mais escassa e com o perodo de inverno no hemisfrio norte a demanda internacional foi afetada, provocando por enquanto, algumas quedas nos preos, principalmente de ureia, mas tambm com sinalizao neste sentido para os fosfatados. Com estoques altos, as oportunidades disponveis com menores preos foram pouco aproveitadas e os estoques ainda ficaro desvalorizados, podendo ocasionar prejuzos para as empresas se esta tendncia perdurar por mais alguns meses.
O aumento de preos dos fertilizantes no mercado internacional foi continuo em 2011 e os valores mdios dos produtos internados atingiram em Novembro o maior patamar do ano, justamente em um perodo que as cotaes dos produtos nos mercados internacionais apontaram para baixo. O grfico a seguir mostra o comportamento dos valores mdios mensais, sem o frete, dos fertilizantes ao ser desembarcado e adicionalmente colocamos os preos correntes atuais nos principais plos produtores do mundo, sendo possvel perceber a queda de preos dos produtos.
O cenrio de preos de fertilizantes para o primeiro trimestre de 2012 ainda de baixa para os fosfatados.
J para o potssio, apesar da contrao na demanda j verificada, a fora dos principais produtores sustenta o preo. De imediato j efetuaram a parada de unidades para reduzir a oferta e ajustar com a demanda para no precisarem baixar os preos. Afinal, os preos atuais chegam a ser 45% maiores que ao final de 2010, quando se iniciou este novo ciclo de alta. O raciocnio usado perverso: o mundo precisa de K, so poucos os produtores e a entrada de novos produtores lenta, pois o tempo necessrio para viabilizar a operao de novas capacidades de produo que possam competir com o grupo estabelecido neste segmento demora de 5 a 7 anos. Existem muitas iniciativas em andamento inclusive com fontes alternativas como a glauconita, chamado de verdete no Brasil, mas esse quadro s mudar no longo prazo.
Executivo da Uralkali, Victor Belyakov, maior produtor russo de potssio anunciou que seguir a PCS no corte de produo. Em entrevista em 24 de janeiro anunciou:
Our strategy is that price is much more important than volumes, portanto, colocam claramente que o preo mais importante que o volume.
If Russia and Canada have the same strategy, this is a much better business than it used to be. E assim, os responsveis por cerca de 65% do mercado atuam para sustentar o preo.
Tambm apostam nas dificuldades da entrada de novos concorrentes devido a necessidade de grande recurso financeiros, estimados em US$1,5 bilho para cada 1,0 milho de toneladas de KCl, embora no seria problema para a BHP por exemplo que toca o maior projeto atualmente no Canad Jansen, previsto para 2015, com previso de produo de 8 milhes de toneladas. As prprias empresas atuais tambm tm planos de expanso com aumento da oferta aps 2014.
A fora contrria ao desejo dos fabricantes constituda pelos altos estoques de Cloreto de Potssio
no Brasil, China e EUA, apontados em 1,2 milhes de toneladas no Brasil, 4,5 milhes de toneladas na China e 2,5 nos Estados Unidos e que devem ajudar a reduzir a necessidade de compras neste ano.
O marco para os preos do potssio em 2012 sero as negociaes da China e da ndia e tambm do momento em que o Brasil voltar a comprar com mais intensidade. A China deve definir seus contratos para o primeiro semestre at Maro e tem como base os preos contratados em 2011 de US$400,00 no primeiro semestre e US$470,00 C&F no segundo. A ndia sinaliza com pedidos de reduo nos preos pagos no segundo semestre de 2011, no intervalo de US$470,00 a US$490,00 C&F, sendo refutado pelos fornecedores. Para comparao, os ltimos preos negociados com o Brasil eram de US$560 a US$570,00 C&F, j bem mais alto que os contratos com China e ndia e os fornecedores ainda no desistiram de impor um novo aumento de US$20 a US$30 por tonelada assim que o mercado reagir.
De certa forma, os grandes produtores enxergam quanto seus clientes so capazes de faturar com as culturas e portanto, quanto estariam dispostos a investir com a compra de insumos. O grfico abaixo mostra como os preos do DAP seguem os preos de soja e milho nos EUA. Por aqui, no ser diferente.
A deciso de plantio da prxima safra nos Estados Unidos, com aumento da rea de milho e que utiliza mais fertilizante, fortalecem a expectativa de preos maiores a partir de Maro - Abril. O acompanhamento destas previses e ateno ao comportamento de preos dos produtos agrcolas nos mercados futuros, principalmente soja, milho, algodo, caf e acar sero os indicadores para o comportamento dos preos dos fertilizantes na prxima safra. Assim, tendncia de alta nos preos agrcolas proporcionaro uma nova retomada para os aumentos de preos dos fertilizantes.
Relaes de troca
Com os preos de soja praticados no mercado e a leve alta na cotao do dlar, a relao de troca piorou levemente em dezembro como pode ser visto nos grficos abaixo e atingiu as piores relaes de troca depois de 2008.
A recuperao dos preos de soja em Chicago a partir do final do ano vai melhorar a capacidade de compra do agricultor e por isso, poder aparecer no primeiro trimestre forte interesse dos agricultores em antecipar a compra de fertilizantes.
A piora na relao de troca em 2011 indica que, com exceo de 2008 e incio de 2009, o produtor utilizar o maior percentual de sua receita para a compra de fertilizante. Uma comparao utilizando sries histricas de preos para a soja (CEPEA) e os preos do fertilizante 02-20-20 mostram que em 2011 o gasto com fertilizante subiu e compromete mais renda do produtor. A situao somente no compromete o resultado do produtor porque apesar disto, ele ainda obtm em 2011 a mais alta receita com a cultura do perodo.
Fatos e dados
O suporte para os preos de soja esto sendo dados pelas perdas que ocorrem no sul do Brasil,
Argentina e Paraguai.
Os efeitos da estiagem comprometeram fortemente a produo esperada de milho e soja nos estados do Rio Grande do Sul e Paran.
O quadro a seguir mostra o total das perdas calculadas at o momento nestes estados:
No Rio Grande do Sul as regies de Iju e Passo Fundo so as mais afetadas. A melhora do clima na ltima semana pelo menos poder estancar as perdas j definidas. As perdas j contabilizadas reduzem fortemente a renda nestes estados e devem prejudicar a liquidez dos produtores e limitar os recursos para a prxima safra.
No Mato Grosso a preocupao agora para a ocorrncia de boas condies para a colheita e aproveitar o melhor perodo para o plantio da safrinha de milho para usufruir das boas condies de preos para estes produtos.
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