Em 2011, os preços do gado aumentaram entre 6,0% e 12,0% na Austrália. Foi o segundo ano consecutivo de alta nas cotações de bovinos no país, apesar da valorização do dólar australiano em relação à moeda norte-americana, crise econômica global, aumento da concorrência com os Estados Unidos e interrupções das exportações.
Apesar do Brasil exportar mais carne bovina que os Estados Unidos, não concorre diretamente com a Austrália. Os EUA sim, são concorrentes diretos. O principal mercado importador da carne australiana, o Japão, não importa carne bovina brasileira.
A demanda mundial pela carne bovina tende a se retrair, entretanto espera-se também contração da oferta. Mas espera-se uma crescente demanda por carne bovina australiana devido a alguns países não conseguirem suprir a demanda de seus mercados internos.
A queda nos estoques globais levou a um aumento em torno de 20% nos preços do gado nos EUA e na América do Sul (em dólares americanos) em 2011.
De acordo com a Scot Consultoria, no Brasil, o preços do boi, considerando a praça de Barretos–SP, subiu 16,0% em 2011 em relação a 2010. E a vaca ficou 14,5% mais cara.
Para 2012, todos esses fatores continuarão influenciando o mercado.
Com o clima favorável nas regiões produtoras de gado na Austrália, o Meat & Livestock Australia (MLA) prevê mais um ano de crecimentpo do rebanho australiano. Junto com o clima favorável, a retenção de fêmeas e a demanda por bovinos jovens foi pronunciada.
O rebanho bovino australiano entra em 2012, com o maior número de cabeças em trinta anos. A influência de maiores taxas de retenção desde 2010 significará mais bovinos e também mais produção de carne nos próximos anos.
Segundo estimativas da Australian Bureau of Statistics (ABS), o rebanho bovino da Austrália atingiu 28,80 milhões de cabeças em 2011. Um aumento de 9,0% em relação a 2010. Para 2012 está previsto um crescimento de 4,1% em relação a 2011, totalizando 30,0 milhões de cabeças no país.
É esperado em 2012 um aumento de 3,1% no abate de bovinos adultos na Austrália. Algo em torno de 7,5 milhões de cabeças.
A expectativa é de um ano favorável para a alimentação dos bovinos (pastagens e alimentos concentrados). É esperado também maior retenção de fêmeas, enquanto os produtores competem intensamente por bovinos jovens para engorda.
A previsão é de que a produção australiana de carne bovina e de vitelo em 2012 atinja um recorde de 2,197 bilhões de toneladas equivalente carcaça (tec). Um aumento de 2,3% em relação a 2011.
O crescimento da produção de carne bovina australiana aumentará devido ao peso médio das carcaças - um fator tangível da série de melhores condições sazonais e investimentos.
Segundo a previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de carne bovina brasileira em 2012 deverá ser de 9,21 bilhões de tec, alta de 2,0% em relação a 2011. Nos Estados Unidos a previsão é de queda de 4,8% na produção, totalizando 11,46 bilhões de tec.
A previsão é de que a demanda por carne bovina seja mantida ou cresça ligeiramente.
Isto vem num momento em que a demanda global por carne bovina deverá crescer (principalmente na Ásia, América do Sul e no Oriente Médio), com a carne bovina a preços historicamente elevados.
A expectativa da exportação é de um volume embarcado de 975,0 mil toneladas de carne bovina em 2012. Um crescimento de 2,8% em relação a 2011.
Os Estados Unidos, que enfrentam um ano de menor produção e preços mais altos de carne bovina, devem comprar mais carne australiana.
Também está previsto aumento das exportações australianas para a Rússia, Oriente Médio e para mercados sul-asiáticos - desvio das exportações australianas de carne bovina dos mercados mais tradicionais.
Por outro lado, as exportações de carne bovina australiana para o Japão e Coreia devem ser menores em 2012, em grande parte devido a um aumento da presença dos EUA nestes mercados.
Os fatores que pesam sobre as exportações para estes países são: valorização do dólar australiano, que tende a permanecer em níveis historicamente elevados em 2012. Este fato é acentuado pela moeda norte-americana desvalorizada.
Em janeiro de 2012, o dolár australiano fechou cotado em US$1,05. Alta de 4,9% em relação ao mesmo período de 2011.
As incertezas com relação às principais economias mundiais continuarão a influenciar a demanda da carne. Embora as preocupações principais sejam com relação à União Europeia e os Estados Unidos, é possível que estes mercados arrastem outras economias para baixo.
Depois de um 2011 tumultuado, as perspectivas para a indústria de gado vivo da Austrália continuarão a ser tangidas pelas negociações com a Indonésia.
O governo da Indonésia anunciou que vai limitar a importação de gado vivo em 2012 para 283,0 mil cabeças. Os produtores australianos terão que enfrentar o desafio de encontrar outros mercados para o gado vivo.
Enquanto alguns mercados do Oriente Médio podem ser capazes de absorver a produçaõ de carne adicional em 2012, não há mercado de exportação de gado vivo capaz de acomodar os bovinos adicionais que iriam para a Indonésia.
O resultado mais provável, como ocorreu em 2011, é que o gado adicional não exportado, migre lentamente para os frigoríficos. Dado os custos de transporte muito elevados (levar o gado do Norte da Austrália para a região de produção de alimento e de abate no Leste e Sul do país), o deslocamento do gado "anteriormente exportado vivo" terá impacto sobre a viabilidade dos produtores de gado nestas regiões mais distantes.
É esperado para 2012 que o preço médio do boi gordo na Austrália fique estável ou ligeiramente maior que em 2011, isso se as condições sazonais continuarem favoráveis.
Os preços médios do gado aumentaram de 13% a 20% ao longo dos últimos dois anos. Seria otimista pensar que em 2012 os preços aumentariam além da média. No entanto, vai depender da contração no abastecimento global de carne bovina, nos aumentos de preços nos Estados Unidos (USDA prevê alta de 4% a 7%) e América do Sul.
A consolidação dos preços deverá melhorar os rendimentos agrícolas em 2012, com preços elevados, vendas adicionais de gado e custos operacionais mais baixos contribuindo. No entanto, este equação é muito mais nebulosa para os produtores norte
australianos unicamente dependentes do comércio de vivo gado.
Em 2012 a maioria dos produtores de gado deverá, financeiramente, dar um passo adiante (exceto os exportadores de gado vivo) e quitar as dívidas contraídas ao longo de anos de seca antes de 2010.
No entanto, para setores da indústria que dependem de compra de gado, incluindo o setor de confinamento e processamento, 2012 está se moldando como um ano difícil.
Como ficou evidente em 2011, eventos inesperados podem ocorrer. Para 2012, haverá menos volatilidade?
Previsões
Para 2013 em diante, condições sazonais razoáveis são esperadas.
O dólar australiano em 2012 deve ficar entre US$0,95 e US$1,10. Em 2011, a média foi de US$1,03, com negócios entre US$0,95 e US$1,10.
Dada a volatilidade nos mercados globais desde a crise financeira mundial fica difícil prever o que o vai acontecer com o dólar australiano.
No entanto, em muitos casos, a volatilidade do dólar australiano pode ser tão destrutiva para a exportação da carne bovina da Austrália como o dólar americano alto.
As restrições comerciais que enfrentam a carne bovina dos Estados Unidos no Japão e Coreia serão amenizadas em 2012, acentuando o impacto da moeda fraca dos Estados Unidos. As importações japonesas de carne bovina dos EUA em 2012 estão estimadas em 150,0 mil toneladas, alta de 25% em relação a 2011.
Para a Coreia, as exportações de carne bovina norte-americana devem alcançar 140,0 mil toneladas em 2012. Alta de 22% em relação a 2011.
Fonte: MLA. Traduzido, adaptado e comentado por Jéssyca Guerra, analista júnior da Scot Consultoria.