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Scot Consultoria

Carta Conjuntura - Inflação à espreita


Sexta-feira, 9 de março de 2012 - 16h11

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA).


O termo inflação causa estremecimento ao consumidor, à cadeia produtiva e à nação. A partir de 1985, a inflação era presença constante na vida do brasileiro, através, principalmente, das remarcações diárias nos preços dos produtos e falta de crédito em longo prazo. Inflação reduz o poder de compra da moeda, em um determinado período de tempo, traduzido pelo aumento geral dos preços de produtos e serviços. É dividida principalmente em: - inflação de custo (ou inflação de oferta): quando há aumento dos custos, ocorre retração da produção, redução na oferta e, consequentemente, aumento dos preços para o consumidor final.

Destaca-se que, neste caso, a demanda permanece inalterada. - inflação de demanda: ocorre quando há aumento no consumo, causado, por exemplo, pelo aumento da renda . Os níveis de produção permanecem inalterados neste caso, o que desencadeia aumento de preços. - emissão excessiva de papelmoeda, que reduz o valor real da moeda. No Brasil, a inflação é calculada através de diversos índices, como o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado), entre outros. Desde 1999, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o medidor oficial de inflação do Brasil, tendo como base o custo de vida de famílias que ganham entre um e quarenta salários mínimos, em onze regiões metropolitanas, que concentram aproximadamente 30% da população brasileira.

Uma das causas fundamentais para diversas mudanças de planos monetários foram os elevados índices de inflação. Entre 1990 e 1994, por exemplo, a inflação média mensal foi de 23,4%, segundo o IBGE. Nesse período, os planos vigentes foram o Cruzeiro (1990 a 1993) e o Cruzeiro Real (1993 a 1994).
































Ao final de 1995, pouco mais de um ano após a implantação do Plano Real, a inflação estava na casa dos 2,10% ao mês. Fato é que, hoje, não se observam mais mudanças bruscas e diárias nos preços, no custo de vida, como antigamente. Desde 2007, o país vem experimentando aumento na produção e na renda e em consequência, no consumo interno, ou seja, o crescimento econômico brasileiro está perceptível. Devido a este cenário, em 2008 assistimos ao aumento da demanda por produtos e serviços e consequentemente, da inflação, que foi 32,2% superior à de 2007.

O inverso foi observado em 2009, quando a crise econômica se instalou de fato, segurou o consumo e derrubou a inflação. Neste ano, o crescimento do PIB foi negativo, 0,2%, o que não acontecia há 17 anos. Em 2010, o país recuperou-se. O crescimento do PIB foi de 7,5% com relação ao ano anterior, maior nível desde 1986. Em 2011, a renda da população aumentou e, consequentemente, a demanda por produtos.

O resultado foi inflação mais alta. A renda do brasileiro foi a maior já registrada e isso se traduziu em preços mais altos, quadro que trouxe à tona a preocupação com o retorno da inflação em níveis muito altos, pois o aumento da demanda por produtos e serviços força o aumento dos preços. Apesar do crescimento do PIB do ano passado ter ficado abaixo das projeções do mercado e do governo, a inflação foi a maior desde 2004, fechando em 6,5%, dentro da margem de tolerância estipulada a partir do centro da meta do Banco Central para aquele ano, (4,5%), com dois pontos percentuais para mais ou para menos. Para 2012, o Banco Central estabeleceu 4,5% como centro da meta.

Segundo a instituição, a redução da inflação poderá acontecer devido ao esfriamento da economia mundial, puxado principalmente por conta da crise financeira, o que reduziria a demanda e, consequentemente os preços.

Um cenário ideal para a inflação, entretanto, seria entre 2,0% e 3,0% ao ano. Inflação elevada prejudica a economia do país, entre outros motivos, por encarecer o custo de vida, penalizando principalmente a população de renda baixa, pois os salários permanecem estáticos até o próximo reajuste. Além do que, quem ganha menos tem menos recursos de proteção de capital para se proteger da inflação. Por outro lado, inflação negativa, zero ou muito próxima de zero também não é desejada, pois traduz uma situação de estagnação do crescimento e do consumo.

Conter a inflação não é fácil. Para tanto, em médio prazo, o governo pode considerar a utilização de menor fator de correção percentual do salário mínimo, medida claramente impopular e, principalmente a reestruturação das taxas de juros do país.

Em curto prazo, o governo deve desestimular o consumo, através do aumento gradual da taxa básica de juros, o que restringiria o acesso ao crédito. Entretanto, o contrário tem acontecido. As reduções anunciadas pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) nas últimas reuniões e previsões de novos cortes na taxa básica de juros, somadas à maior renda por conta do aumento de 13% do salário mínimo em janeiro último podem aumentar a pressão sobre a inflação, que neste cenário poderia ficar acima da meta do governo e prejudicar principalmente a população de baixa renda.

Ações do governo mostram que, entre conter a inflação e alavancar o crescimento, a escolha foi o crescimento em detrimento do controle da inflação, principalmente por causa da crise financeira. Inflação alta também prejudica justamente o crescimento do país. O desafio do Brasil é crescer economicamente, melhorar a infraestrutura e se desenvolver sem alta no custo e perda na qualidade de vida.


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