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Scot Consultoria

Agronegócio da polpa de açaí congelada


Quarta-feira, 14 de março de 2012 - 14h34

Engenheiro agrônomo formado pela Esalq – USP e consultor agropecuário.


Parte1: produção com frutos comprados no mercado Apreciado principalmente nos países onde há prática de surf, o açaí tem enorme aceitação no Brasil. No Rio de Janeiro ele é oferecido nas praias e se tornou muito popular entre os adeptos da "cultura da saúde" e entre os frequentadores de academias. É também vendido diretamente ao consumidor, onde a demanda pelo produto, antes considerado exótico, é crescente e começa a ganhar popularidade entre os nativos e turistas. É estimado que no Rio de Janeiro sejam consumidas 900 toneladas/mês, em São Paulo 500 toneladas/mês e nos outros estados somam 400 toneladas/mês. Dados estatísticos comprovam que cerca de 80% da produção de frutos têm origem no extrativismo, enquanto os 20% restantes são provenientes de açaizais manejados e cultivados em várzea e terra firme. Existem três formas de se obter o fruto do açaí, são elas: 1. Cultivo; 2. Aquisição de terras com palmeiras nativas; 3. Compra do fruto da população ribeirinha. O terceiro método movimenta milhões de reais e atrai todos os anos novas empresas que originam e processam o açaí. Grandes redes de supermercados, principalmente do Sudeste, tentam produzir a própria polpa, mas o mercado é monopolizado pelos pioneiros na originação e processamento, como por exemplo, De Marchi Ind. e Com. de Frutas Ltda., Frooty, Santa Helena e Amazon. Depois de colhido das palmeiras por nativos, o fruto extremamente perecível tem pouco tempo para ser processado, mas um longo caminho até as fábricas. Dos palmeirais até os portos são em média 8 horas de navegação. O açaí vai acondicionado em gelo nos porões das embarcações. Igarapé-Mirim, Furos de Breves, Arari, Belém, Salgado, Cametá e Guamá, são os principais portos escolhidos pelos compradores que aguardam a chegada de barcos carregados de açaí colhidos no dia. O pagamento é feito em dinheiro, na maioria das vezes, e após ser comprado o açaí é transportado das rasas (cestos, feitos com fibras vegetais, com capacidade para comportar 14kg ou 28kg de frutos) para caixas plásticas e armazenados ora em caminhões frigoríficos ora em caminhões baú abastecidos com gelo e então transportado até as fábricas que distam na média 300km dos principais portos. O fruto é colhido pela manhã e transportado das ilhas na parte da tarde e à noite. Os barcos começam a chegar ao porto no inicio da noite e os últimos chegam pela madrugada. A viagem de caminhão dura no máximo 12 horas até as principais cidades com grandes indústrias de processamento: Castanhal, Capanema e Belém. O público alvo dessas empresas, além das exportações, é o Sudeste, região de maior consumo do Brasil. Para estes consumidores a polpa é pasteurizada e acrescida de açúcares e conservantes - ora guaraná ora banana. Uma análise técnica- econômica feita recentemente para uma rede de supermercado do Rio de Janeiro com mais de 40 lojas na cidade, mostra os níveis de investimentos para se iniciar uma produção de polpa de açaí. Ela contempla despesas com a originação do fruto durante a safra, despesas com a fábrica (equipamentos e custos mensais) além de áreas para plantio. * Meta 1: produção de 10 toneladas de polpa congelada por mês (50 toneladas/safra) , é o menor investimento possível para se iniciar uma produção comercial, aproximadamente R$150 mil. Metas 3 e 4 : ambas são as mais factíveis pela atualidade do mercado nacional e internacional da polpa pasteurizada, elas exigem maiores recursos tanto em originação quanto na fábrica (investimentos , fixos e variáveis ). Contempla neste cálculo aquisição de 500ha de terra e plantio, manejo que reduz o risco a médio e longo prazo devido as possíveis dificuldades em originação (grande procura, entressafra, degradação dos açaizais). Metas 5 e 6 : projetos para 1 mil tonelada de polpa pasteurizada/safra, após inicio de colheita de áreas próprias. Tais não são recomendáveis para o primeiro ano. Investimentos da ordem de R$3 milhões a R$5,5 milhões. Quanto ao retorno financeiro, ele pode chegar até 70% sobre o capital investido, conforme mostra a tabela 2 abaixo. Lembrando que esta margem se refere a projetos que contemplam a originação do fruto (compra de açaí nos portos) e não ao plantio de palmeiras em escala comercial. Notamos que este custo só foi possível com a originação da rasa a R$11,00, preço médio da safra. Assim se a compra for feita tanto no final quanto fora da safra esse custo pode subir muito. No Município de Igarapé-Mirim, no Pará, em 2011, uma rasa de 28kg custava R$11,00, mas poderia chegar a R$45,00 ou até R$60,00, na entressafra. Durante a entressafra vende-se esta polpa no Rio de Janeiro a R$6 mil / tonelada. Descontando os custos de armazenagem a receita é da ordem de 60% a 70 % do custo final de produção e transporte. Em 2000, foi iniciada a exportação de polpa congelada de açaí para os Estados Unidos e para a Itália. Esse mercado externo vem crescendo 20% ao ano nos últimos oito anos, com a comercialização do açaí concentrado em latas e com a popularização da mistura com diversas outras frutas feitas em academias de ginástica. Como todo produto extrativo, é difícil quantificar o volume ofertado de açaí. A oferta brasileira está concentrada na Amazônia, especialmente no estado do Pará (seu principal produtor, com 92% da oferta) vindo em seguida o Maranhão, Amapá, Acre e Rondônia. A abertura de novos mercados tem contribuído para o aumento do déficit de matéria-prima, principalmente na época da entressafra.
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