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Scot Consultoria

Problemas do Campo


Segunda-feira, 1 de agosto de 2005 - 12h55

É médico veterinário.


  • Mas seria muito cômodo apontar a ganância de empresários dos setores de insumos e máquinas agrícolas, bem como a fúria tributária dos governos, como as únicas causas da difícil situação do setor primário (entenda-se, produtores rurais), brasileiros. ”Assim concluí esta coluna na última edição do “A NATA DO LEITE”, e prometi voltar ao tema. Pois voltemos....
    CAUSAS DA BAIXA RENTABILIDADE
  • A baixa rentabilidade das empresas rurais brasileiras e, particularmente das pequenas unidades de produção, se deve também aos baixos níveis de escala e de produtividade, bem como aos elevados custos de produção pela seleção e uso inadequados de insumos e equipamentos e, mais ainda, em função da escolha equivocada do tipo de exploração e do sistema de produção absolutamente inadequados ao tamanho da propriedade rural, ao tipo de solo e ao clima da região.
  • Exemplo: será possível a sobrevivência econômica de um produtor rural que ordenha 20 vacas, obtendo no total por dia, 60 litros de leite de baixíssima qualidade composicional e higiênica? Claro que não! Pois esta é a realidade de um enorme número de produtores leiteiros espalhados por diferentes Estados deste país.
  • Este é um dos muitos problemas que são inerentes à própria unidade produtora e não são conseqüências da ganância dos setores industriais e nem da fúria tributária de governos, embora estes últimos tenham, direta ou indiretamente uma considerável parcela de responsabilidade na ocorrência dos mesmos. Explico: o modesto desempenho produtivo das empresas rurais, ressalvando exceções, se deve, a meu juízo, principalmente a duas questões básicas – ao baixo grau de escolaridade do produtor rural e as ineficiências dos serviços oficiais ou particulares de extensão rural e assistência técnica.
  • Neste artigo vou deter-me apenas ao primeiro problema – a questão da escolaridade do produtor rural. O leitor mais fiel e mais atento notará que o texto a seguir já foi publicado neste boletim (edição nº 44, Novembro de 2001). Seria uma espécie de autoplágio? Está bem, está bem... aceito a reprimenda mas, ocorre que de lá para cá as mudanças que houveram foram para piorar a situação, de modo que considero que o texto continua muito atualizado e não vejo porque modificá-lo.
    ONDE ESTÃO AS ESCOLAS RURAIS?
  • São muitas as barreiras que dificultam a incorporação de tecnologia pelo setor primário brasileiro e, parece haver consenso, que uma das principais é o baixo nível de escolaridade da população rural. Na condição de instrutor de pecuária leiteira em cursos ministrados para produtores, tenho observado, ao longo dos anos, que as deficiências na educação básica, fazem com que essas pessoas, na medida em que têm sua capacidade de percepção limitada a horizontes muito estreitos, refugiem-se numa espécie de mundo particular. Neste ambiente peculiar se sentem seguras e, consciente ou subjetivamente, assumem uma postura de resistência frente ao novo, ou seja, a tudo aquilo que não foi gerado dentro desse mundo particular. Esse comportamento se manifesta de várias formas: - Forte apego às tradições e ao conservadorismo. Vale mais o conhecimento e as experiências das gerações anteriores do que a orientação técnica de pessoas, que aparentemente não têm vivência no meio rural. Neste particular, a orientação do vizinho merece mais credibilidade que a do técnico, o que ajuda a perpetuar práticas inadequadas ou ultrapassadas. - A falta de conhecimentos básicos em matérias como matemática e biologia, entre outras, torna difícil o entendimento e, por conseqüência, a aplicação de procedimentos simples como formulação de rações, cálculo de dosagens de medicamentos, adubos e defensivos, monitoramento da produção, controle de custos, planejamento, etc. - O precoce abandono da escola não permitiu que fosse incorporado o hábito da leitura. Portanto, a informação escrita tem uma penetração muito restrita nesse meio. - A dificuldade de assimilar e entender o que ocorre além da porteira da propriedade, faz com que esses produtores assumam uma atitude passiva frente aos seus problemas e fiquem a espera de que o governo venha apresentar soluções imediatas sob a forma de subsídios ou financiamentos. Procedimentos desta natureza servem, na maioria das vezes, para consolidar a forte dependência do produtor aos fatores externos à propriedade, bem como para dar sustentação a sistemas de produção ineficientes.
  • Na próxima edição abordaremos o problema relativo à extensão rural e assistência técnica. Tentarei ser original, mas não prometo!
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