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Scot Consultoria

Descarte de animais - programação e investimentos


Segunda-feira, 2 de abril de 2007 - 10h11

Engenheiro Agrônomo


A grande maioria dos pecuaristas sabe que precisa aumentar a escala, produzir mais e expandir seu rebanho. Além de exigência econômica, a necessidade de escala é uma percepção intuitiva. Se a produção aumenta, o faturamento também aumenta. CRIAÇÃO PRÓPRIA Por várias razões a opção para o aumento da escala geralmente é expandir com o próprio plantel. É melhor! O produtor controla a genética, os cruzamentos, conhece a procedência, enfim, fica tudo sob seu controle. Em grande parte dos casos, há até uma relação afetiva com o rebanho, por ser fruto do próprio trabalho, ou de seus antecessores. É comum ouvir, entre produtores, a expressão “eu formei todo o gado”. São anos de trabalho. Outro fator que leva o produtor a optar pela criação própria é a questão sanitária. A compra de animais aumenta o risco de levar doenças para a fazenda. As mais preocupantes são a brucelose e a tuberculose. Embora haja um esforço enorme para resolver tais questões sanitárias do rebanho brasileiro, o problema ainda é grande. O caso da brucelose provavelmente esteja próximo de ser resolvido. No entanto, a tuberculose ainda dará muito trabalho aos veterinários brasileiros. Ainda hoje há divergência entre profissionais do campo sobre qual metodologia deve ser usada para os exames de diagnóstico. Portanto, o produtor tem razão em se preocupar com a compra de gado. SEGURANDO O REBANHO Como há um grande esforço em manter os animais crioulos, o descarte é realizado apenas quando ocorre algum problema. Geralmente as vacas são descartadas por problemas reprodutivos, injúrias, perda de tetos, idade e baixa produção. A idade do animal é relevada quando a produtividade se mantém. No entanto, este esforço tem um custo. Em relação ao rebanho total, apenas uma parcela das vacas em lactação arcará com o ônus de manter todo o rebanho, pagar as contas e ainda garantir lucro ao empresário. E essa é uma das dificuldades financeiras da produção leiteira. Por isso o sucesso econômico do produtor depende de um planejamento de objetivos. Tanto os custos de produção como as metas de faturamento devem ser rateados entre a produção de leite propriamente dita, e a venda de animais gerados na atividade. O objetivo da fazenda leiteira deve ser a produção de leite e a produção e venda de animais. Reter os animais nada mais é do que investir no crescimento da atividade. É o mesmo que se estivesse comprando o rebanho. E o produtor de leite mantém este investimento mesmo em épocas de crise. COMPOSIÇÃO DO REBANHO Para saber se isso é verdade, estimamos o impacto em uma empresa leiteira, com um rebanho de 100 vacas ou novilhas de primeira cria em lactação. O rebanho possui bons índices zootécnicos. O intervalo entre partos é de 13 meses, as fêmeas jovens ganham 0,6 kg de peso vivo por dia, chegando à concepção com cerca de 15 meses de idade e 330 kg de peso vivo. As vacas produzem, em média, 4,9 mil litros por lactação. Neste caso não há descarte voluntário, ou seja, o produtor não possui um programa planejado de venda dos animais. Os únicos descartes são relacionados a problemas, conforme comentado anteriormente. No exemplo, 12% das vacas adultas vão a descarte. Sendo assim, elaborando a composição do rebanho, e considerando ainda 2% de mortalidade, a empresa trabalhará com 243 animais no rebanho, dos quais apenas 41% estarão em lactação, ou seja, produzindo e gerando recursos. Na tabela 1 é apresentada a estimativa de rebanho para o exemplo sem a adoção do descarte voluntário. A receita de venda do leite, considerando o preço de R$0,54/litro, seria de R$320,13 mil por ano. A empresa produz em torno de 1,6 mil litros por dia. O descarte involuntário, ou seja, a venda dos animais que de uma forma ou outra apresentam problemas, gera uma receita de R$21,12 mil ao ano, conforme ilustrado na tabela 2. Os preços de animais foram extraídos aleatoriamente de leilões realizados em fevereiro e março. Dependendo da região e condições dos animais, os preços variam substancialmente. FATURAMENTO POR ANIMAL Simplificando o cálculo, considerando apenas vendas de leite e animais, a empresa trabalha com um faturamento anual de R$2.719,63 para cada animal do rebanho. Com este faturamento, além de mantê-los na empresa com todos os custos fixos e indiretos, é preciso alimentar e cuidar da sanidade em todos os processos produtivos. A maior parte das receitas, cerca de 94%, será gerada apenas pelos 41% dos animais em lactação. PROGRAMANDO O DESCARTE Caso se opte por trabalhar com descartes programados (voluntário), a empresa seleciona animais que, por diversas razões, podem ser descartados, sem que ocorra prejuízo ao melhoramento do rebanho e à produção. Incluem-se os animais que deram algum problema. Na tabela 3 pode-se observar o mesmo rebanho, com a mesma produção, porém com um programa de descarte. Todos os índices zootécnicos foram mantidos nesta simulação. A porcentagem de animais produzindo leite no rebanho passa a ser de 49%. Além de reduzir o custo pela diminuição da carga de animais que ainda não produzem, as vendas do descarte representarão uma receita de R$98,01 mil, seguindo os mesmos critérios. Veja na tabela 4. Com isso, mantendo a mesma receita com a venda de leite, a fazenda faturaria cerca R$3.675,11 por animal do rebanho. Há um aumento de R$78 mil no faturamento da empresa, e a redução do número de animais em 20,5%, o que reduz também o custo de produção variável. Cerca de 76% do faturamento virão das vendas de animais. DEPENDE DO CASO O critério de descarte depende de cada situação. Observe que quando tudo é planejado, há a possibilidade de que também se planeje a inseminação das novilhas que entrarão no programa de descarte. O sêmen pode ser selecionado de acordo com a preferência do mercado regional. São várias as possibilidades. No exemplo exposto na tabela 4, o critério adotado foi a venda de novilhas prenhes, visando aumentar o valor dos animais. Vale lembrar que essa prática favorece empresas com o rebanho em equilíbrio, o que não é tão comum. A maioria dos produtores busca reter animais para aumentar a produção. Mesmo assim, é o caso de se pensar. Vender animais jovens e substituir por vacas em produção, ou amojando, pode ser uma boa alternativa. Mesmo que a relação de troca seja desfavorável, a empresa estará substituindo animais que ainda não produzem por animais em plena lactação. Este processo, por si, possibilita vantagens operacionais para a empresa. É redução de custos.
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