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Scot Consultoria

Tuberculose bovina - uma visão geral


Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008 - 17h19

Médica Veterinária


A tuberculose bovina, causada pela bactéria Mycobacterium bovis, é uma zoonose de evolução crônica que acomete principalmente os bovinos e bubalinos. Caracteriza-se por afetar os gânglios linfáticos (linfonodos), intestinos, pulmões e pelo desenvolvimento progressivo de lesões nodulares denominadas tubérculos, que podem localizar-se em qualquer órgão ou tecido. Como o desenvolvimento da doença é de caráter lento, o animal pode ser portador assintomático por um período de até cinco anos, transmitindo a doença ao rebanho sem que se suspeite da contaminação por um longo período. Essa característica permite uma alta prevalência na propriedade. SITUAÇÃO NO MUNDO É também uma doença de distribuição mundial e ocorre principalmente nos países em processo de desenvolvimento, devido à ausência de medidas de controle e erradicação eficientes. Os países que instituíram uma rotina de diagnóstico e abate de animais contaminados a partir do século passado contam com uma prevalência muito menor. SITUAÇÃO NO BRASIL O Brasil encontra-se hoje em uma situação de evidência mundial na produção e exportação de alimentos. Mesmo contando com o maior rebanho bovino comercial, o preço que os produtos atingem não se iguala ao dos maiores concorrentes, em função da falta de confiança do mercado em nossos produtos, mais especificamente quando se trata de qualidade. Para mudar a situação, é imprescindível dispor do controle sanitário do rebanho. CONTROLE O controle da tuberculose se justifica principalmente por causa da diminuição da produtividade através de perdas na produção de leite e carne, descarte precoce, eliminação de animais de alto valor zootécnico, condenação de carcaças nos frigoríficos e outros prejuízos. Além de ser um sério problema de saúde pública e de comprometimento à credibilidade nacional nos mercados interno e externo, pois evidencia a ausência de ações de caráter sanitário. Estima-se que os animais infectados percam de 10% a 25% de sua eficiência produtiva, o que resulta em maiores gastos e menor produtividade, principalmente no setor leiteiro, atividade na qual ocorre maior incidência da doença devido ao longo tempo de exploração dos animais. Na tentativa de diminuir a prevalência no rebanho, em 2001 o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento instituiu o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Tuberculose e Brucelose (PNCETB), que tem como objetivo a certificação de propriedades livres das doenças. Com isso, espera-se combater as enfermidades favorecendo a saúde pública e a competitividade do País na pecuária mundial, dentro dos princípios técnicos sugeridos pelo Código Zoosanitário Internacional. Os pontos básicos do PNCEBT são: vacinação obrigatória contra brucelose; controle de trânsito de animais; certificação voluntária de rebanhos livres ou monitorados para brucelose e tuberculose. Entretanto, é de difícil aplicação prática, pois agrega mão-de-obra e custo relativamente elevado e, muitas vezes, conta com o descrédito do próprio produtor. PROCEDIMENTOS X CUSTO A princípio, quando existe apenas a suspeita, sem a intenção de adquirir o título de propriedade livre ou monitorada, segue-se o exame de tuberculinização por amostragem. O exame consiste no método de diagnóstico mais comumente utilizado para confirmação e se baseia em uma reação alérgica provocada pela inoculação intra-dérmica do derivado de proteína purificada (também chamada PPD) do Mycobacterium. O derivado reage com o agente patológico causando aumento de volume local quando em indivíduos sensíveis à PPD, ou seja, a reação ocorrerá em animais acometidos pela doença, quando a aplicação for correta. O custo do exame é de aproximadamente R$15,00 por cabeça. Caso algum animal tenha apresentado reação positiva na amostragem, ele deve então ser realizado nos animais não incluídos anteriormente, objetivando identificar todos os que possam atuar como fonte de infecção aos sadios e ao ambiente. Os animais positivos devem ser devidamente eliminados do plantel e encaminhados ao abate, o que ocasiona perdas econômicas consideráveis e diretas. A reposição desses animais também custa dinheiro e leva tempo. Além disso, existe o risco de animais recentemente infectados não apresentarem reação no momento do exame. Portanto ele deverá ser repetido em um intervalo de 12 semanas, período considerado seguro para que a reação seja evidente nos animais remanescentes, e repetido periodicamente no futuro, garantindo que não houve reincidência na propriedade. O CAMINHO Não existe tratamento para a tuberculose. Esta, quando identificada na propriedade, é de difícil eliminação, além dos altos custos. Também não há incentivo efetivo por parte do governo para reposição de matrizes nas propriedades, o que dificulta o processo de erradicação da doença. A melhor medida é a prevenção com exames periódicos em amostragem, com o propósito de identificar a enfermidade o mais rápido possível, evitando assim uma alta incidência no rebanho. A compra de matrizes ou novos reprodutores deve ser realizada em propriedades idôneas com o certificado atestando que o animal está livre da doença. Assim, evita-se risco de infecção do rebanho. A tuberculose está presente em todo o território nacional e combate à mesma é essencial para que o País cresça no mercado internacional. Não apenas em volume, mas em qualidade e preços pagos pelos produtos que são exportados. Por isso a palavra-chave que caracteriza um assunto tão extenso como esse é: evitar!
Manual do Programa Nacional de controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal – PNCETB
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