A proposta de liberação das cotas de produção de leite, fez com que a União Européia (UE) se dividisse em duas: a fração protecionista e a fração liberal.
A Comissão Européia sugere o término das cotas de produção a partir de 2015. A idéia é que, a partir daí, o mercado ficasse livre para produzir a quantidade que desejar e provocar a concorrência no setor.
PROTECIONISTAS
A fração protecionista se apóia no comportamento do mercado em vista de um possível aumento do volume ofertado de leite no bloco europeu. Pela teoria da oferta e demanda, com uma maior oferta, o preço do leite tende a diminuir.
Esses países alegam também que os preços mais baixos da atividade influenciariam questões como o emprego na atividade, ocupação do território, segurança alimentar, qualidade sanitária da alimentação e o desenvolvimento sustentável.
Além disso, temem que o mercado europeu não absorva esse aumento de produção. Tal fato seria o mais provável, já que o consumo de lácteos na UE já é elevado e sua população apresenta um crescimento praticamente estagnado. Ou seja, a demanda não cresceria a ponto de absorver esse aumento da produção já que a procura por produtos lácteos no bloco é relativamente inelástica.
Hoje, grande parte dos países que compõe o bloco europeu defende esta idéia.
São eles: Alemanha, França, Áustria, Bélgica, Bulgária, Estônia, Irlanda, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Hungria, Portugal, Romênia, Eslovênia, Eslováquia, Finlândia, Espanha, República Tcheca e Polônia.
A iniciativa partiu justamente da Alemanha e da França, os dois maiores produtores de leite e as duas maiores economias do bloco. Veja a tabela 1.
LIBERAIS
Os países favoráveis à liberação das cotas de produção são minoria. Eles se apóiam na teoria da “mão invisível” a qual defende que o mercado se auto-regula.
A conduta desses países tem sido totalmente diferente em relação aos protecionistas. Preferem pagar multas para produzir mais leite, ultrapassando a cota de produção estipulada para cada um deles.
Os principais defensores desta idéia são o Reino Unido, a Itália, a Noruega, a Dinamarca, a Suécia, a Finlândia e a Islândia.
Para eles, o aumento da produção poderia representar uma oportunidade de crescimento para a indústria.
GREVES E MANIFESTAÇÕES
Enquanto isso greves e manifestações por parte dos produtores tomam conta do continente europeu.
Na França, produtores estão em greve há pelo menos 12 dias. Nas ruas de Paris, o leite foi doado em protesto contra os baixos preços pagos. Cerca de 22 mil litros de leite foram distribuídos.
Contudo, a greve pode não surtir tanto efeito já que a principal organização francesa de produtores, opõe-se a greve.
Na Bélgica, produtores derramaram leite em frente ao edifício sede da UE, como forma de protesto.
Produtores da Alemanha e Holanda defendem esta greve, porém não podem atuar devido à posição das autoridades responsáveis pela concorrência nacional.
Na Itália, cerca de 500 produtores, contra a decisão do governo italiano de apoiar o fim das cotas leiteiras, barraram túneis na divisa com a Áustria e a França.
Também ocorreram protestos na Áustria, Luxemburgo, Holanda, Espanha e Suíça. Estima-se que 40 mil produtores estejam em greve na UE.