Em 2007, 65,74% do milho exportado pelo Brasil teve como destino a União Européia (UE). Contudo neste ano, a UE foi responsável por 3,54% dos embarques. Uma queda de 98% do volume. Veja a tabela 1.
O ano de 2007 foi atípico no mercado global do milho.
Aconteceu uma quebra da produção na UE e queda de oferta do grão no mercado internacional por parte dos Estados Unidos, que direcionou parcela da produção de milho para a produção de etanol.
Em função desses fatores houve um incremento das importações dos países europeus.
Em 2008, a situação mudou. A crise financeira mundial derrubou a demanda nos mais diversos setores de produção e, com isso, a indústria consumidora de milho reduziu as compras.
Na União Européia, o consumo doméstico, caiu de 63,9 milhões de toneladas em 2007 para 59,3 milhões de toneladas em 2009 (queda de 7,2%), afetando a importação (figura 1).
ARRAÇOAMENTO ANIMAL
O mercado de rações acompanhou a menor demanda por proteína animal.
Segundo a Federação das Indústrias de Ração do bloco europeu (FEFAC, sigla em inglês), a produção de ração caiu entre 4% e 8% no terceiro trimestre de 2009. No caso de bovinos, a produção de ração caiu entre 15% e 20%.
Na figura 2 (veja página seguinte) é possível verificar a queda no consumo de carnes suína e bovina a partir de 2007. Repare que em situações de crise a demanda por carne de frango (alternativa mais barata) aumenta.
Além desses fatores, a valorização do real frente ao dólar, encareceu o milho brasileiro.
Com a falta de crédito pelo qual o bloco passa e as principais economias ainda em recuperação, a
compra do grão diminuiu.
Tomemos como exemplo a Espanha. O maior importador de milho brasileiro dentro da UE em 2008 (27% do volume exportado para o bloco) registrou uma queda de 90% nas importações em 2009.
Em 2008 o país comprou 989 mil toneladas, em 2009 o volume foi de aproximadamente 98 mil toneladas.
Vale destacar que a Espanha adota um sistema de comercialização diferenciado, importando, sem taxas, até 2 milhões de toneladas de milho.
Em muitos casos esse milho brasileiro é revendido para outros países do continente.
O crescimento populacional na UE, Estados Unidos e demais países ricos está praticamente estagnado.
O consumo per capita nestes países já é elevado, fazendo com que a produção para atender o mercado doméstico não tenha perspectivas de crescimento acentuado a não ser em caso de catástrofe, influencia do clima ou incremento de novos usos para o milho.
Em função disso as exportações brasileiras de milho tiveram alvos diferenciados neste ano. A exportação de milho aumentou para os países em desenvolvimento e substituiu, em certa medida, o milho argentino, cuja safra foi afetada pela estiagem.
Trata-se de uma saída interessante, já que as exportações não ficam dependentes de um único país. No longo prazo o comércio com os países em desenvolvimento é interessante, já que as exportações para países desenvolvidos tende a não crescer.
Até agosto, grande parte das exportações de milho do Brasil foi para países emergentes ou em desenvolvimento. Destaque para a Ásia, o Oriente Médio e a América do Sul (figura 3).
O maior comprador do milho brasileiro até o momento é o Irã (15,8%), seguido pela Coréia do Sul (10,3%) e pela Colômbia (10,2%). Esses países juntos são responsáveis por quase 40% das exportações brasileiras.
Apesar do Irã e da Coréia do Sul registrarem queda de 77% e 38%, respectivamente, em relação ao volume de milho comprado do Brasil em 2007, os embarques em 2009 (até agosto) já superaram os valores de 2008.
Cabe citar o Marrocos, a Malásia e Taiwan, que em 2007 não importaram nada e, em 2009, estão entre os sete maiores compradores.
O Brasil conseguiu acesso a novos mercados por causa da pouca oferta de milho da América do Sul.
Países como a Colômbia, Arábia Saudita, Vietnã e Taiwan, clientes argentinos, importaram mais do Brasil devido a menor oferta de milho proveniente do país vizinho na safra 2008/2009.
“O maior comprador do milho brasileiro até o momento é o Irã (15,8%), seguido pela Coréia do Sul (10,3%) e pela Colômbia (10,2%).”
Por fim, o Brasil é um país com grande potencial de crescimento dentro do mercado internacional do milho.
Além de contar com um mercado interno grande e consumidor, as exportações aparecem como uma ótima alternativa de escoamento da produção.