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Scot Consultoria

Pecuária em pastos nativos do Amapá X Sustentabilidade


Quinta-feira, 19 de abril de 2012 - 16h40

Engenheiro agrônomo formado pela Esalq – USP e consultor agropecuário.


Incluem-se nessa categoria as pastagens nativas dos ecossistemas de cerrado e campos inundáveis. Constituem a principal fonte alimentar dos rebanhos bubalinos e bovinos.

Nesses ambientes, a pecuária é desenvolvida de forma extensiva, tanto em grandes como em pequenas propriedades.

Foto 1.
Pastagens nativas em áreas de cerrado no Amapá, fazenda de 2 mil ha.


Fonte: Rogério Banin.

Próximo ao litoral encontram-se as grandes propriedades, que podem chegar a 10 mil ha, cujos rebanhos superam o número de 1 mil cabeças de bubalinos.

A utilização de sistemas inadequados de produção (alimentação, manejo dos rebanhos, mineralização e sanidade animal) tem contribuído decisivamente para a instabilidade técnica, econômica e ecológica da exploração.

Nessas áreas, a bubalinocultura destaca-se como o rebanho mais importante. O efetivo do rebanho bubalino tem grande expressão regional e relevância para economia do estado, principalmente nos campos alagadiços da região dos lagos e da planície litorânea. O Amapá é o segundo produtor brasileiro de bubalinos, depois do Pará, sendo que, atualmente, sua expansão e forma de manejo são bastante questionadas do ponto de vista de impactos ambientais, ou seja, da sustentabilidade no médio-longo prazo.

Os criadores adotam um sistema ultra extensivo deixando os animais sujeitos às variações estacionais das pastagens nativas. As propriedades não apresentam cercas divisórias e piquetes, não havendo controle da taxa de lotação e manejo das pastagens. A criação de bovinos caracteriza-se por um sistema migratório.

Durante a estação chuvosa, os animais permanecem nas pastagens nativas dos cerrados, quando ocorre uma significativa perda de peso devido à baixa capacidade nutricional das pastagens.

No início do período seco, os campos inundáveis começam a secar dando lugar a extensas áreas de pastagens nativas de bom valor nutritivo, para onde os bovinos são transferidos. Nestas pastagens, os animais apresentam rápida recuperação obtendo ótimos índices de ganho de peso.

Os bubalinos utilizam principalmente as pastagens da região dos lagos. No período das enchentes os tesos são utilizados como refúgio pelos rebanhos.

Os búfalos vêm obtendo melhores índices zootécnicos, devido a sua melhor adaptação ao pastejo em áreas alagadas, consumindo durante o ano todo, pastagens de boa qualidade nutricional.

A falta de um manejo adequado tem contribuído para o aumento da ocorrência de plantas invasoras, notadamente o algodão-bravo.

As práticas de manejo restringem-se a transferência dos animais de uma região para outra; proteção contra animais selvagens e marcação. A mineralização não é utilizada e os poucos casos restringem-se ao sal comum.

A estação de monta e o piquete maternidade não são utilizados e a desmama é natural. Entre os bovinos há uma tendência natural de aumento de parições no período de agosto a outubro, enquanto que para os bubalinos a concentração dos nascimentos ocorre de agosto a novembro.

A vermifugação é realizada em algumas propriedades, no máximo duas vezes ao ano, principalmente nos animais jovens. Há uma grande incidência de verminose gastrintestinal e pulmonar, notadamente em animais jovens.

A dispersão da brucelose é facilitada pela grande quantidade de água acumulada e promiscuidade dos animais, que transitam livremente de uma fazenda para outra.

Os bubalinos têm apresentado maior resistência à aftosa, com sintomas mais brandos, além de recuperação mais rápida.

As pastagens nativas de savanas mal drenadas e de solos aluviais devem continuar desempenhando um papel relevante no desenvolvimento da pecuária da Amazônia.

O estabelecimento de uma pecuária mais competitiva na região exigirá a adoção de um conjunto de medidas que viabilizem a exploração pecuária, tanto em bases agronômicas quanto econômicas.

A seleção de gramíneas mais produtivas e adaptadas às condições ecológicas da região; a utilização de práticas de manejo de solo (correção e adubação); a integração entre as pastagens nativas e cultivadas e o manejo reprodutivo e sanitário dos rebanhos são práticas que podem contribuir de forma significativa para o aumento da competitividade da pecuária, conciliando produtividade animal com sustentabilidade econômica, social e ambiental.


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