Zootecnista pela UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, consultor de mercado. Coordenador da divisão de mercado de reposição e de planilhas eletrônicas de custos da atividade agropecuária. Atua nos Diagnósticos e Análises Técnicas e Econômicas (DATE) realizados pela empresa. Editor chefe da Carta Gestor. Editor chefe da Carta Boi. Editor chefe do informativo Tem Boi na Linha.
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O Projeto Canasat, liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), tem por objetivo identificar e mapear a cultura da cana-de-açúcar por meio de imagens de satélite de observação da terra.
Informações geradas pelo projeto apontam que a área cultivada com a cultura no Centro-Sul do Brasil no ano safra 2011/2012, incluindo as áreas em reforma, é de 8,66 milhões de hectares.
As informações por estado e por estágio da cultura estão na tabela 1.
De acordo com a metodologia do projeto Canasat, as categorias contidas na tabela 1 são descritas da seguinte forma:
a) Soca: é a classe de lavouras de cana que já passaram por mais de um corte, ou seja, é a cana que rebrotou de uma planta ou de uma soca. Nesta classe também se encontram as lavouras reformadas com cana planta de ano;
b) Reformada: é a classe das lavouras de cana planta de ano-e-meio que foram reformadas no ano safra anterior e que estão disponíveis para colheita na safra corrente;
c) Expansão: é a classe de lavouras de cana que pela primeira vez estão disponíveis para colheita. Lavouras de cana que foram convertidas em outro uso por um período igual ou maior a duas safras e voltaram a ser cultivadas com cana também se inserem nesta classe;
d) Em reforma: é a classe das lavouras de cana que não serão colhidas devido à reforma com cana planta de ano-e-meio ou por serem destinadas a outro uso. Quando a lavoura da classe "em reforma" é de fato reformada com cana planta de ano-e-meio ela passa para a classe "Reformada" no ano safra seguinte;
e) Total cultivado: engloba todas as classes (a+b+c+d), mas não inclui os novos plantios de cana, que serão colhidos no ano safra seguinte. Por exemplo, uma lavoura de cana plantada em fevereiro de 2008 somente estará disponível para colheita na safra 2009/10 e, portanto, não está incluída na classe "Total cultivada" referente à safra 2008/09.
Os números comprovam o domínio da cultura no estado de São Paulo, com 5,40 milhões de hectares plantados, ou 62,4% do total apontado para o Centro-Sul.
A produtividade média e produção, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para o Brasil em 2011/12 serão de 68,28 toneladas por hectare e 571,44 milhões de toneladas, respectivamente.
Para 2012/13, segundo o primeiro levantamento da Conab de abril de 2012, a produtividade e produção do Brasil serão de 70,29 toneladas por hectare e 602,18 milhões de toneladas, respectivamente.
Os aumentos da produtividade e produção em relação ao ano safra 2011/12 inicialmente estimados são de 2,9% e 5,4%, nesta ordem.
Ainda para 2012/13, a previsão inicial é de moagem de 299,9 milhões de toneladas (49,8%) para a produção de açúcar e de 302,2 milhões de toneladas (50,2%) para a produção de etanol, demonstrando a expectativa da Conab de equilíbrio na produção dos dois produtos.
Resultados econômicos
De acordo com a Associação Rural dos Fornecedores e Plantadores de Cana da Média Sorocabana (Assocana), filiada à Organização de Plantadores de Cana da Região Centro Sul do Brasil (Orplana), os custos de produção referentes ao ano safra 2011/12, divulgados no fim de 2011, considerando a produção em cinco cortes, é de R$3,26 mil por hectare.
A divisão do custo por operação consta na tabela 2.
Para calcular a receita, utilizamos a produtividade média do Brasil, apontada pelo último levantamento da Conab (abril/12), cujo valor foi de 68,28 toneladas por hectare.
A tonelada de cana foi considerada com 135 quilos de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada e o preço do ATR vigente em março de 2012, de R$0,5018 por quilo.
Com isso, a receita anual foi de R$4.625,49 por hectare. Deduzindo os custos de produção da tabela 2, temos um lucro anual de R$1.363,20 por hectare.
Porém, ressaltamos que existem inúmeros fatores que podem alterar esta análise, como a produtividade de cada corte, o grau de ATR da cana e o próprio preço do ATR.
Manter a produtividade em dia, como em qualquer atividade agrícola, é a chave para a manutenção de bons resultados em médio e longo prazo.
Plantio ou arrendamento?
O que vale mais a pena, plantar ou arrendar? A resposta depende. Depende da região (proximidade das usinas), da produtividade média (tanto no plantio, como na oferta de arrendamento) e dos preços pagos.
Porém, para analisar esta pergunta fizemos uma simulação de resultados de longo prazo para São Paulo.
Estimamos os resultados de 1994 a 2011. Para o plantio, consideramos a produtividade apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), custos da Orplana e estimativas da Scot Consultoria e preços obtidos junto ao Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Já para o arrendamento, cruzamos os dados de toneladas de cana/ha/ano pagos ao longo dos anos, obtidos em pesquisa com agentes-chave, com o preço médio da tonelada para São Paulo, também do IEA.
Após isso, deflacionamos os resultados usando o IGP-DI.
Como resultado desse modelo, o lucro médio deflacionado para o plantio, de 1994 e 2011, de R$740,04/ha/ano, foi 10,7% superior à opção do plantio.
Porém, vale ressaltar que o arrendamento foi melhor em seis dos dezoito anos analisados. Com isso, levando em conta o resultado apresentado e os riscos assumidos ao realizar o plantio, além do maior capital imobilizado, tem-se no arrendamento uma opção altamente viável considerando o horizonte apresentado.
Por fim, para uma avaliação concreta do trade-off apresentado, dependemos da análise de cada situação, observando os fatores citados anteriormente, já que existe variação considerável.
Colaboraram: Alex Lopes, Alcides Torres e Rafael Ribeiro.