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Juíza determina expulsão de 8 mil sem teto de APP e é ameaçada de morte


Quinta-feira, 24 de maio de 2012 - 11h38

Amazônida, engenheiro agrônomo geomensor, pós-graduado em Gestão Econômica do Meio Ambiente (mestrado) e Geoprocessamento (especialização).


O jornal O Estado de São Paulo informou na última segunda-feira que a juíza Bárbara Carola Cardoso de Almeida, titular da 2.ª Vara de Embu das Artes, na Grande São Paulo, recebeu ameaças de morte por ter determinado a desocupação imediata de uma Área de Proteção Ambiental ocupada por 8 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). A sentença, do dia 2, ainda impõe multa diária de R$50 mil ao grupo de sem teto, em caso de descumprimento.

Apesar da decisão, 3.162 barracos seguem na área, formada por 43 ha de vegetação nativa. Famílias expulsas do Pinheirinho, de São José dos Campos, da favela do Moinho e de outros bairros da capital vivem por lá.

Segundo o Estadão, o terreno pertence à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), que planejava erguer no local casas para 1,2 mil famílias. Mas em 2006, a Justiça determinou que nada poderia ser construído ao lado da mata, aceitando ação de ambientalistas.

Ainda segundo o jornal a juíza diz basear o pedido de desocupação na legislação ambiental. A invasão dos sem teto é, segundo a juíza, um "crime ambiental" que prejudica a Mata de Santa Tereza, com resquícios de Mata Atlântica. E cita o MTST como movimento "espúrio e ilegal", que desenvolve "atividade de guerrilha".

Polêmica. A posição causou polêmica. Na internet, integrantes de movimentos sociais dizem que a juíza tenta intimidar o grupo ao criminalizar a invasão e sugerem que a magistrada age de forma "parcial". A prefeitura, que diz ser favorável à luta digna por moradia, também se mostra contrária à postura da justiça e à criminalização dos movimentos sociais. Para a juíza, a repercussão a respeito da sentença motivou as ameaças. Segundo ela, uma promotora, uma advogada e um ambientalista também são alvo.

Em tempo, é confuso quando não tem ruralista no meio, não é? Ruralista é um rótulo usado (e abusado) por ambientalistas para facilitar a manipulação da opinião pública urbana. O ruralista está sempre errado.

Jornalistas sem talento se aproveitam do rótulo porque é muito mais fácil escrever uma matéria com os dois lados claramente demarcados. Qualquer escritor sem talento é capaz de redigir uma matéria com essas muletas, mas é preciso ser um jornalista talentoso para não usá-las.

O episódio relatado pelo Estadão é didático. Responda aí: É certo expulsar sem teto para o raio que os parta na defesa de uma APP?


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