Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.
Os mais céticos apostavam que a equipe econômica do governo Dilma estaria dando um tiro no pé ao promover reduções nos juros básicos e forçar, via bancos oficiais, a queda de juros na ponta. O receio estava em um eventual descontrole da inflação. Pois bem, o IPCA (Índice Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice oficial do governo, ficou 0,36% em maio, mostrando desaceleração.
Nos últimos doze meses o IPCA acumula 4,99%, mais próximo do centro da meta, que é de 4,5% do que do limite estabelecido que é de 6,5% ao ano.
Os números atuais, salvo algum desastre no caminho, indicam que a inflação não é a grande preocupação no momento. Até mesmo o câmbio que poderia gerar a chamada inflação importada, pelo menos por hora, não afetou os preços internos.
Na prática a grande preocupação é mesmo quanto ao atual nível de atividade econômica. O governo brasileiro tem dado tiro para todos os lados visando garantir que a geração de riqueza e com ela a geração de emprego não caia demasiadamente.
No âmbito da política monetária liberou recursos represados do compulsório. Reduziu juros básicos. Diminuiu o IOF (imposto sobre operações financeiras). Ampliou prazos de financiamentos. Tem forçado a queda de juros para o tomador de recursos via política agressiva tanto do Banco do Brasil como da Caixa Federal.
Também tomou medidas via política fiscal. Reduziu tributos em vários setores e mais recentemente no setor automotivo. Este por sinal observou crescimento de mais de 11% em maio, fruto da queda do IPI e as promoções levadas a efeito pelas montadoras e concessionárias de veículos.
Mesmo com todo este esforço a indústria convive com elevados estoques e o comércio faz de tripas coração visando alavancar as vendas.
O consumidor está mais cauteloso, o ambiente econômico internacional não é favorável e o sinal de alerta foi ligado.
Somos sabedores que é preciso mais. Os investimentos do setor público devem ser mais fortes e se isso ocorrer aí sim a retomada do crescimento econômico se dará de maneira mais sustentada.
Para tanto é preciso não errar a mão. Identificar setores que são fortemente geradores de riqueza e garantir vida mais longa e inaugurar um ciclo virtuoso.
As políticas adotadas até agora são de curto prazo, utilizando a receita já conhecida, uma vez que foi praticada na crise de 2008 e 2009, que pode dar um refresco ao mercado, mas não livra o país da desaceleração, por sinal, este foi o resultado alcançado naquela oportunidade, ou seja, evitamos o pior, mas não evitamos a queda do produto interno bruto.
Se a inflação já não é mais o centro da preocupação é preciso ousar e para tanto a ciência econômica já consagrou o setor público como forte indutora do crescimento econômico. O caminho é por aí.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos