Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP 1976. Consultor - Tecfértil - Vinhedo-SP.
Anunciados os investimentos planejados das empresas no Brasil
Na semana anterior, em evento em 27/08 as empresas fabricantes de fertilizantes anunciaram os principais investimentos previstos no país para aumentar a oferta em um cenário de 5 anos.
Alguns desses investimentos já estão em execução e outros ainda dependem de aprovação dos conselhos das empresas e obtenção de recursos para se concretizarem, mas compõem um cenário viável para o período considerado.
Certamente estimulados pelo aumento da demanda e pelos preços mais altos dos fertilizantes, os investimentos previstos atingem o montante de US$18,9 bilhões e marcam uma etapa importante para o aumento da oferta de fertilizantes no Brasil.
O aumento na capacidade de produção foi anunciado pelas próprias empresas: Copebrás, Galvani, MbAc Petrobrás e Vale. O quadro abaixo resume a situação dos investimentos anunciados.
Podemos notar que apesar do significativo aumento da oferta, a dependência de importações ainda será elevada, principalmente para nitrogênio em que a dependência de importações é mais elevada e parte do aumento na produção e anulada também pelo aumento no consumo.
Já para o fósforo o aumento da produção permite alcançar um percentual mais elevado com relação a demanda projetada. Entretanto, em uma posição pessoal e considerando que a taxa de crescimento da demanda de fósforo é menor que o crescimento da demanda de nitrogênio e potássio, o percentual atingido poderá ser maior, inclusive com a possibilidade de excedente de oferta na região Sudeste e Centro-Oeste já que algumas regiões, devido à logística de produção e consumo ainda serão dependentes das importações.
Com relação ao expressivo aumento na oferta de potássio, deve ser esclarecido que parte da produção estimada leva em conta o abastecimento a partir da Argentina, pelo projeto rio Colorado e que contribuirá com 1,8 milhão de toneladas de K2O (3,0 milhões de toneladas de KCl para o Brasil) e ainda contar com a expansão do projeto carnalita em andamento. Haverá também logo a seguir uma redução na produção devido à previsão da atual exploração de silvinita ser encerrada em 2017.
Este aumento de produção está previsto em projetos das empresas produtoras já instaladas, além de MbAC que inicia agora. Portanto não leva em conta outras possibilidades de oferta de fertilizantes por novas empresas, atraídas também pelos preços mais elevados dos fertilizantes e que se encontram em estudos como os projetos da Bemisa, Rio Verde, Águia, Verde Potash, entre outros. Apesar deste aumento, isto não significa preços menores, mas apenas menor dependência externa.
Nitrogênio
Preços indicativos no mercado internacional com pequenas flutuações e que podem ser atribuídos ao mercado mais pulverizado, com muitas empresas participando da oferta e assim a indicação apresenta pequenas alterações, mas sem uma tendência imediata de alta ou baixa.
No gráfico abaixo podemos verificar que os preços no mercado internacional recuaram após a demanda do plantio no hemisfério norte, principalmente Estados Unidos e estão em patamares abaixo do ano anterior.
Os preços de nitrogenados são muito voláteis e diante de qualquer sinal do mercado está sujeito a variações. Neste momento existe alguma expectativa de adiantamento nas compras dos Estados Unidos, para permitir o transporte fluvial nos próximos meses, enquanto a subida das águas permitirem e posteriormente novo ciclo no período que antecede efetivamente o plantio.
Fosfatados
Preços praticamente estáveis e alinhados nos diferentes mercados.
Entretanto, pode ser esperada uma pressão para a queda de preços diante da demanda fraca. Nos
Estados Unidos os estoques aumentam e possivelmente o consumo será menor no próximo plantio devido a maior área do plantio de soja e redução de milho e que ainda se associa com uma menor taxa de reposição dos nutrientes por conta da redução na colheita deste ano.
Potássio
Preços com pequena variação, mas caminham para um patamar de preços mais baixos. Apesar do impulso que os altos preços de milho e soja podem indicar, há uma forte resistência dos compradores em pagar mais pelo produto, principalmente ao comparar com seus preços históricos ou mesmo os preços praticados em 2010 e início de 2011.
Além disto, grandes compradores como a China e a Índia resistem em comprar o produto nos patamares desejados pela indústria e ao negociarem seus contratos esperam obter preços mais baixos que os atuais, na casa de US$470,00 CIF e bem abaixo dos preços ofertados ao Brasil. Estes países ainda se posicionam com investimentos para o aumento de produção ou aquisição de empresas com o objetivo de garantir parte das suas necessidades e isto deve ser visto pelos grandes produtores como uma futura perda, reduzindo a sua capacidade de definir os preços. O quadro a seguir mostra a pequena variação ocorrida no último período de 4 semanas.
A demanda menor e a expectativa de um aumento na oferta com os investimentos que estão sendo feitos pelo mundo indicam que nos próximos anos haverá um excedente na oferta e que os preços devem cair, como previsto no gráfico a seguir projetado pelo CRU International.
Um forte reflexo desta tendência é o adiamento dos grandes projetos de produção da BHP e da
Vale no Canadá e medidas para reduzir a produção com a parada temporária da produção de algumas minas dos grandes grupos dominantes do mercado, BPC (Soyuzkali Company) e Canpotex.
Neste quadro, as compras de cloreto de potássio devem ser feitas em quantidades suficientes para as necessidades no curto prazo, mas não deve ser menor que a garantia da disponibilidade do produto na hora certa.
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