Amazônida, engenheiro agrônomo geomensor, pós-graduado em Gestão Econômica do Meio Ambiente (mestrado) e Geoprocessamento (especialização).
Enquanto a dona Ideli Salvatti tenta chantagear o setor rural exigindo a destruição de áreas agrícolas em APP para o plantio de mato em terras privadas, as florestas que hoje estão sobre responsabilidade pública ardem.
Cerca de 110 áreas de conservação ambiental no Brasil estão pegando fogo enquanto você lê este texto. Com o início das queimadas e o tempo seco, que assola grande parte do país, a tendência é de que os incêndios se multipliquem nos próximos dias. Somente nesta semana, houve aumento de 1.500 focos de queimadas em vários locais, atingindo a vegetação e a fauna silvestre. Ontem, o número de queimadas chegava a quatro mil em 15 estados. Uma das regiões que sofre com as chamas é a reserva extrativista Chico Mendes, no Acre, um ícone da conservação de florestas em terras públicas.
Os últimos mapas gerados pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, no último dia 4, o número total de queimadas pelo país era de 2.368 ocorrências, subindo em 24 horas para 3.890 casos, volume superior ao de 2 de setembro, quando foram verificados 2.435 focos de incêndios, até então o maior número que havia sido registrado. Além disso, o monitoramento feito pelo órgão mostra que a situação tende a piorar com risco de fogo em toda região Centro-Oeste e parte da Amazônia.
O Cerrado hoje é a região que mais arde, com quase 37% das queimadas registradas, seguido da Amazônia, com 30,5% das ocorrências, e o Pantanal, 26,2%. Em Goiás e oeste de Minas Gerais as chamas já atingem algumas reservas florestais, como a Área de Proteção Especial Santa Isabel e Espalha, em Paracatu, consumida pelo fogo durante quase toda a semana.
Nem mesmo regiões que, teoricamente, estariam protegidas estão fora do risco de fogo, como a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. Os próprios seringueiros utilizam o fogo para limpar áreas de plantio e criação de gado. Outra área de conservação que está sob ameaça é a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, com sete focos e, segundo avaliação do Inpe, com sérios riscos de novas queimadas nos próximos dias.
Ontem, as áreas de conservação de Mato Grosso registravam 38 unidades de incêndios. Segundo levantamento feito pelos satélites do Inpe, a maior parte delas são terras indígenas, onde foram localizados 76 focos. São Paulo, com 99 incidências, tem o maior número de queimadas em áreas de proteção ambiental entre as unidades da Federação, enquanto que o Pará lidera os focos em unidades de conservação federais.
Alguém viu alguma ONG fazendo campanha pela proteção das florestas públicas? ONG gosta de brigar por proteção de florestas dentro de imóveis privados. Sabem por quê? Porque afeta a competitividade da produção agrícola nacional em relação aos nossos concorrentes internacionais que, não por acaso, ficam nos países que financiam as ONGs. Se as ONGs fossem instituições sérias, estariam lutando pela proteção efetiva da biodiversidade também em áreas públicas.
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