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Scot Consultoria

O safári da miséria


Terça-feira, 13 de novembro de 2012 - 15h53

Problemas sociais - soluções liberais
Liberdade política e econômica. Democracia. Estado de direito. Estado mínimo. Máxima descentralização do poder.


Lady Gaga está em um "bad romance" com a pobreza carioca. No Rio para um show, a cantora, cercada de seguranças, foi visitar a favela de Cantagalo e jogou bola descalça com as crianças. Ela ganha a imagem de descolada e sensível, as crianças ganham... o que mesmo? Alguns podem dizer "autoestima", mas há controvérsias. O "romance" parece desigual. Na verdade, parece exploração da miséria alheia para autopromoção.

A esquerda caviar adora enaltecer as favelas como se fossem cool, como se a pobreza fosse charmosa. Uma elite culpada olha para os guetos como verdadeiros "zoológicos" humanos. Os gringos fazem um "safári" pelos morros cariocas, tiram fotos, e mostram para os amigos sua "aventura" depois. Como ninguém é de ferro, retornam para a civilização em seguida. Não parece hipocrisia?

Joãozinho Trinta acertou na mosca quando disse que intelectual é que gosta de pobreza, pois pobre gosta mesmo é de luxo. A autora Glória Perez, por exemplo, vem pintando um quadro positivo das favelas em sua novela "Salve Jorge", elogiando inclusive o baile funk como um programa de família. Mães e filhos dançam juntos, uma coisa linda! Achar aquilo vulgar e de baixo nível é coisa de gente preconceituosa.

Eu, que sou preconceituoso, abomino o funk e acho aquilo deprimente para crianças. Penso também que a imensa maioria dos favelados adoraria poder se hospedar uma noite no hotel cinco estrelas na beira do mar em Ipanema, trocando de lugar com Lady Gaga ou Glória Perez. Mas o que seria dos intelectuais e artistas sem os favelados? Como eles fariam para conquistar a imagem de descolados altruístas?

Em tempo: esta valorização da periferia chegou ao Enem. Uma reportagem de O Globo mostra que várias questões abordaram, com viés ideológico, o uso de termos coloquiais na linguagem. Para a esquerda festiva, falar errado é o certo. Falta coragem a esta turma para chamar a ignorância pelo nome.

Por Rodrigo Constantino


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