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Preço baixo é problema para produtores de potassa


Sexta-feira, 4 de janeiro de 2013 - 13h38

Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP 1976. Consultor - Tecfértil - Vinhedo-SP.


Por Alistair MacDonald e Biman Mukherji | The Wall Street Journal

Os maiores produtores de potassa do mundo apostaram durante anos que a demanda pelo fertilizante não pararia de crescer. Agora, eles estão nas mãos de pequenos agricultores como Virender Kumar Rai.

No seu pedaço de terra no leste da Índia, Kumar Rai está trocando a potassa por nutrientes mais baratos, como a ureia, na sua plantação de arroz, trigo e hortaliças. "A ureia agora está bom para mim", diz ele.

No período de dez anos encerrado em 2009, o preço da potassa quase quintuplicou. Tal aumento se baseou na expectativa de que a demanda por esse importante ingrediente de fertilizantes iria disparar à medida que populações cresciam e a alimentação melhorava em mercados emergentes como China e Índia. As grandes produtoras que dominam a indústria ampliaram suas minas. Até 2015, a Potash Corp. of Saskatchewan Inc., segunda maior produtora de potassa do mundo por volume, atrás da russa Uralkali JSC, terá dobrado sua capacidade em a 2003.

Elas se juntaram a um pequeno grupo de empresas iniciantes que afluíram para o setor, mais gigantes da mineração como a australiana BHP Billiton Ltd., a qual se lançou à escavação de sua própria mina de classe mundial na província canadense de Saskatchewan, onde estão cerca de metade dos depósitos de potassa do mundo.

Desde 2002, a capacidade mundial de potassa subiu em torno de 30%, para perto de 64 milhões de toneladas por ano, segundo analistas do Banco Nova Scotia. Mas a demanda em 2012 deve cair 9% comparado com seu pico de 2007.

A crise financeira fez agricultores do mundo todo procurarem alternativas mais baratas. Enquanto isso, grande parte da tão esperada demanda dos mercados emergentes nunca se concretizou. Na Índia, que até há poucos anos era um dos mercados mais promissores do setor, a demanda caiu diante do aumento acentuado dos preços. O governo reduziu os subsídios ao nutriente dois anos atrás, enquanto uma desvalorização de 30% da rupia desde 2008 tornou a potassa importada ainda mais cara.

A potassa é um composto do potássio, o qual, juntamente com nitrogênio e fósforo, é essencial para a vida das plantas. Ela é obtida refinando-se o minério extraído das minas e é vendida como um aditivo em pó para o solo que fortalece as plantas e aumenta a resistência delas a doenças.

Kumar Rai, um agricultor do Estado de Bihar, diz que o preço de uma saca de 50 quilos de potassa é hoje duas e vezes e meia maior do que um ano atrás. "O preço dos fertilizantes de potassa realmente foi às alturas", disse ele, observando que a ureia, um fertilizante à base de nitrogênio, custa a metade.

A demanda em queda deixou a indústria com um grande excesso de capacidade. A BMO Capital Markets projeta que, mesmo que nenhuma mina seja escavada ou ampliada, a capacidade excederá a demanda em 20% dentro de apenas três anos.

Os preços despencaram. A potassa transportada de Vancouver, na província de British Columbia, está sendo vendida a US$ 425 a tonelada, menos que a metade do pico de US$ 860 atingido no início de 2009, segundo o Scotiabank.

Um pequeno número de empresas responde por 66% da produção mundial de potassa. Estas vendem quase tudo que produzem através de dois grupos internacionais de comércio, o que permite que o setor funcione basicamente como um cartel.

Mesmo assim, o grupo não tem conseguido reagir à recente queda nos preços e está tentando reduzir a produção. A Potash Corp. fechou temporariamente quatro de suas minas do Canadá.

A Uralkali afirmou que usaria somente 50% de sua capacidade no primeiro trimestre de 2013, comparado com 70% no primeiro trimestre do ano passado e quase 100% um ano antes.

Na segunda-feira, a Canpotex Ltd., que vende potassa para os maiores fornecedores da América do Norte, informou que fechou com a chinesa Sinofert Holdings Ltd. um acordo de fornecimento durante o primeiro semestre de 2013 a um preço por tonelada US$ 70 menor que o estabelecido no último contrato, em março de 2012. Esse preço, uma queda de 15%, proporcionará uma referência para outros contratos.

Os executivos das maiores produtoras de potassa dizem que passaram por dificuldades semelhantes no passado, e que os fundamentos de longo prazo continuam animadores. Eles dizem que, com o passar dos anos, o uso só de um fertilizante como a ureia pode causar um desequilíbrio químico no solo e levar os agricultores de volta à potassa. "Se você olhar para o longo prazo como um todo, há uma inquestionável tendência de alta [do preço]", disse o diretor-presidente da Potash, Bill Doyle, durante uma recente conferência do setor.

Em meio às incertezas, a BHP Billiton decidirá só depois de junho se irá em frente com seu projeto gigante de US$ 14 bilhões da mina Jansen em Saskatchewan, segundo uma porta-voz da empresa. No outro lado da balança, umas 75 empresas iniciantes estão penando para levantar as vultosas somas de que necessitam para começar a mineração.

Num outro mercado emergente, o Brasil, o desenvolvimento das grandes reservas locais de potassa tem sido estimulado pelo governo, o que pode aumentar a oferta no longo prazo.

Cristiano Veloso, diretor-presidente da Verde Potash PLC, uma empresa voltada à produção de potassa no Brasil, diz que as reservas no Cerrado brasileiro podem abastecer o país por mais de três décadas. (Colaboraram Ben Dummett e Robb M. Stewart.)

Fonte: Valor econômico, Pela Redação. 4 de janeiro de 2013. 

 


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