Zootecnista, formado pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, Campus de Jaboticabal-SP. Mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela mesma instituição.
A margem de comercialização da indústria que faz a desossa começou 2013 com os melhores resultados já vistos em janeiro. A receita com a venda de todos os subprodutos, mais couro, sebo, miúdos e carne desossada chegou, na segunda semana daquele mês, a ser 32,0% maior que o preço pago pela arroba do boi gordo.
Este cenário, porém, começou mudar a partir do final de janeiro.
O clima explica parte deste comportamento. Novembro e dezembro não houve chuva em boa parte do Brasil (figura 2). O pasto precisa de pelo menos 30 dias de precipitações regulares para uma boa rebrota e, somente aí, o boi começar a engordar.
Resultado, faltou boi terminado nos primeiros meses de 2013 e o mercado respondeu a isso com preços firmes e em alta.
O pecuarista intensificou ainda mais este cenário de pouca oferta, já que, à medida que os animais eram terminados no capim, negociavam somente mediante valores maiores. Reter as boiadas no pasto é fácil. A agregação de custo é baixa.
Ao mesmo tempo, a oferta de carne não esteve ajustada à demanda e os preços caíram. Mesmo com escalas de abate de 2 ou 3 dias, o consumidor não absorveu o que vinha sendo colocado no mercado.
Veja na figura 5 o comportamento dos preços dos cortes no varejo.
Esta associação de custo de matéria prima maior, preço de venda de carne em queda, retração de 7,7% no valor de venda do sebo, mesmo com o couro tendo acumulado alta de 18,5%, reduziu fortemente o resultado econômico dos frigoríficos desde o início do ano.
A margem da venda de peças desossadas e todos outros produtos e subprodutos do boi, frente ao preço da arroba, acumulou queda de 12,5 pontos percentuais nos três primeiros meses de 2013. Desde abril de 2012 não havia sido registrado resultado tão estreito.
O ano, que começou animador para a indústria, termina março com margem 4,0 pontos percentuais menor que a do mesmo período de 2012.
Para traçar uma perspectiva e se programar é bom considerar alguns pontos. Este deve ser mais um ano da fase de baixa do ciclo, assim como 2012. Ou seja, a tendência é que o rebanho atenda com facilidade a demanda. A seca do final de 2012 foi o que desfez este panorama no primeiro trimestre.
Além disso, como a retenção, ao que tudo indica, é grande, certamente quando o frio começar e as chuvas diminuírem, prejudicando o capim, o efeito de "desova" destes animais pode ser intenso, resultando em oferta abundante e espaço para pressão sobre as cotações.
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