Engenheiro agrônomo formado pela Esalq – USP e consultor agropecuário.
Búfalos se adaptam a variadas condições e, em muitos casos, apresentam produtividade maior do que os bovinos. Desta forma, o rebanho nacional cresce de forma expressiva. Porém esbarra em dificuldades e falta de profissionalismo das cadeias comercial e produtiva.
De acordo com a última Pesquisa de Produção Pecuária Municipal, realizada em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a bubalinocultura chegou a quase 1,8 milhão de cabeças no país, aumento de 7,8% em relação ao ano anterior. No mesmo período, o gado bovino atingiu a marca de 212,8 milhões de cabeças, com crescimento de 1,6%.
Segundo Rogério Rocha Loures, vice-presidente de Assuntos Institucionais da Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos, o mercado apresenta dificuldades decorrentes da baixa escala de produção, quando comparado à dos bovinos, e da produção pulverizada, que dificulta a logística de sua comercialização.
No estado do Amapá esta pulverização inviabiliza muitas vezes a produção interna fazendo com que o estado seja abastecido pelos estados vizinhos como o Pará, principalmente nas águas.
Toda a produção é absorvida pelo mercado interno, especialmente por regiões onde há melhor organização da cadeia, como no Rio Grande do Sul - boa parte da produção gaúcha é coordenada por uma cooperativa local.
Existem iniciativas promissoras de empresas privadas em capitais, como São Paulo, Belo Horizonte e Florianópolis, além de regiões tradicionais de criação da espécie, como, por exemplo, o Norte do país.
A ABCB (Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos) congrega hoje 80 associados de todo território nacional e tem como objetivo, o aprimoramento técnico e cientifico da espécie e o incremento comercial nos mercados internos e externos.
"A carne de búfalo é sensorialmente indistinguível da bovina de boa qualidade", indica Loures. Apesar de ter cerca de 20 vezes menos gordura, por sua precocidade e características peculiares, ela se mostra macia, sem comprometer o sabor. Outros destaques do produto são os menores teores de gorduras saturadas e de colesterol, além da maior presença de proteínas, minerais e vitaminas.
Como características de criação, os bubalinos apresentam grande capacidade de adaptação aos mais diferentes ambientes, inclusive aqueles com baixa adequação aos bovinos, como terrenos alagados.
Sistemas de produção intensivos são comuns no Centro-Oeste, Sul e Sudeste, no entanto o rebanho nestas regiões é modesto. Na região Norte a bubalinocultura é extensiva a ponto das fazendas não contabilizarem o rebanho anualmente, e também de não conseguir apartar búfalo gordo na parição.
Os animais são rústicos e bem adaptados ao ambiente tropical, necessitando de certo conforto térmico por sua cor escura e baixa quantidade de glândulas sudoríparas, o que pode ser obtido com sombreamento ou áreas para imersão.
A elevada longevidade reprodutiva e produtiva acarreta em menor necessidade de reposição, gerando maior resistência a doenças e menor mortalidade. Os animais são precoces, têm rápido ganho de peso e podem atingir a idade de abate, a pasto, entre 18 e 24 meses, quando criados exclusivamente para corte.
Na foto abaixo nota-se a qualidade de animais de corte no Amapá.
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