Graduando em engenharia agrícola na UNICAMP. Trabalha em fabrica de vagões. Escreve sobre a questão de transporte de cargas via sistema ferroviário no Brasil. Aborda também as tendências em gestão corporativa e comportamento humano.
É praticamente impossível debater sobre o agronegócio brasileiro, e não lembrar-se sobre a produção da soja. A soja é a principal oleaginosa cultivada no mundo, devido ao seu alto teor protéico, o que a torna uma importante matéria prima para a produção de diversos produtos alimentícios e abastecimento dos complexos agro-industriais.
A soja foi a principal responsável pela introdução do conceito agrobusiness no país, pelo elevado volume produzido e alta movimentação financeira decorrente de sua comercialização. É a commodity agrícola brasileira mais exportada e seu preço é definido internacionalmente.
Em outras palavras, a concorrência do mercado da soja não se restringe a limitações geográficas, fazendo-se necessário uma visão empresarial profissional, com melhores estratégias competitivas por parte das empresas e otimização da gestão das atividades relacionadas a produção.
A competitividade de um determinado produto ou serviço é influenciada principalmente por dois fatores: maior qualidade e menores preços. A produção de soja no Brasil é um sucesso devido às vantagens competitivas na produção agrícola, comparado com outros países produtores como EUA, Argentina e China, porém é no escoamento desse produto até os portos que se perdem todas essas vantagens. Isso ocorre em razão das condições precárias das rodovias e baixa capacidade e eficiência das ferrovias, excesso de burocracia e desorganização dos portos (filas de caminhões e longas esperas de navios), além do não cumprimento de prazos de entrega ao exterior.
Portanto, a soja, assim como outros produtos agrícolas, saem pela porteira com preços baixos e chegam ao destino com custos altos, diminuindo dessa forma, sua competitividade no mercado externo.
As melhores opções logísticas da soja para grandes distâncias, devido ao seu baixo valor agregado e grande volume, são o ferroviário e o hidroviário. Esses modais requerem mais tempo de transporte e possuem maior capacidade, quando eficientes, possibilitam economia de custos e redução de perdas em comparação ao rodoviário.
O transporte ferroviário de forma geral não é utilizado eficientemente. Isso ocorre devido a três razões:
-Elevada demanda de movimentação de produtos, em contrapartida com malha ferroviária pouco extensa e mal conservada.
-Ausência de padronização das bitolas presentes entre as malhas, causando ineficiência na integração operacional entre concessionárias.
-Elevado número de locomotivas e vagões em estado avançado de deterioração, e as com condições normais de uso em quantidade insuficiente.
-Tempo de trânsito prejudicado devido aos aglomerados urbanos em torno das ferrovias.
Uma logística eficiente reduz custos das mercadorias, consequentemente tem-se maior competitividade no mercado internacional, possibilitando maior disponibilidade de bens, expansão dos mercados consumidores e confiabilidade nos tempos de entrega. A logística é assunto estratégico de extrema importância, principalmente para empresas que trabalham com produtos agrícolas, uma vez que são produtos perecíveis e com alta relação peso-valor.
Logo, a solução dos gargalos logísticos brasileiros é uma questão crítica, para que o Brasil não continue escoando seus produtos pelo ralo.
Texto veiculado originalmente em http://agrotvm.wordpress.com/
Qual a expectativa para os preços da soja no Brasil em janeiro de 2025?
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