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Scot Consultoria

Agricultura de precisão: luxo ou necessidade?


Segunda-feira, 10 de novembro de 2014 - 16h37

Graduando em engenharia agrícola na UNICAMP. Trabalha com geotecnologias. Escreve sobre recursos hídricos, bioenergia e geotecnologias. Thomaz faz parte da AgroTVM.


Este assunto é muito interessante tanto do ponto de vista tecnológico quanto dos rumos que a nossa agricultura está tomando. Segundo o pesquisador da Embrapa Instrumentação Ricardo Inamasu, a agricultura de precisão é um tema abrangente, sistêmico e multidisciplinar, que não se limita a algumas culturas nem a algumas regiões, se tratando de um sistema de manejo integrado de informações e tecnologias, fundamentado nos conceitos de que as variabilidades de espaço e tempo influenciam nos rendimentos dos cultivos. A agricultura de precisão visa o gerenciamento mais detalhado do sistema de produção agrícola como um todo, não somente das aplicações de insumos ou de mapeamentos diversos, mas de todo os processos envolvidos na produção.

Baseado neste conceito é possível compreender que a agricultura realizada hoje no Brasil e em qualquer lugar do mundo vem se modernizando e incorporando tecnologias de diversas naturezas para o aumento de produtividade. Mas como é possível se fazer isso? Para a efetiva aplicação de agricultura de precisão é necessário um princípio básico de qualquer trabalho, seja em campo, numa empresa ou em pesquisa, coleta de dados e o uso correto dos mesmos, para com isso gerenciar a propriedade e os recursos naturais que nela se encontram como solo, planta e água. A agricultura de precisão vem sendo feita em pequenas, médias e grandes propriedades desde há muito tempo sem que os agricultores se dessem conta disso. Uma simples medição de precipitação de chuva, a anotação de quantas sacas de feijão rendeu numa safra e a comparação de onde produz mais em diferentes áreas da fazenda se caracterizam por uma gestão de precisão.

Um exemplo latente de como as técnicas de precisão são úteis e essenciais para os agricultores brasileiros está no ocorrido recentemente com a falta de água para o plantio de soja no centro-oeste. Assim que a primeira chuva de primavera forneceu condições de plantio, os produtores colocaram suas máquinas no campo dia e noite (Figura 1). Isso mesmo, à noite! Como é possível isso? As plantadeiras possuem GPS embarcado que traçam a linha de plantio georreferecenciada por satélite. Além disso, existe um piloto automático que faz isso sem a necessidade de um ser humano no volante. Quando chegar a época de colheita, o operador usa o mesmo mapa traçado no plantio para comandar a colhedora, e se necessário colher os grãos também à noite. 

Desta maneira, seja grande ou pequeno produtor, as opções de equipamentos disponíveis no mercado com a agricultura de precisão embarcada crescem a cada dia, auxiliando o produtor e muitas vezes sendo primordiais para o sucesso de uma safra com dificuldades climáticas, como a desse ano. Mais importante que a máquina e a tecnologia, é a pessoa que utilizará tudo isso para gerenciar e planejar as operações de sua propriedade. Os dados e informações acumulados ao longo de alguns anos permitem o agricultor planejar não só o que acontece dentro de sua porteira, mas todo o investimento que ele necessitará realizar no futuro.

Com isso, é possível dizer que a agricultura de precisão pode ser um luxo em algumas ocasiões, quando o fazendeiro controla o acionamento de seu pivô central do tablet no sofá de sua casa, mas também é uma necessidade cada vez maior para se evitar perdas e quebras de safras, otimizando recursos e planejando o ano agrícola.

Publicado originalmente em http://agrotvm.wordpress.com/ .


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