O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.
Em outubro, as condições climáticas foram o foco do mercado de soja tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o que impulsionou os valores do grão e derivados.
Nos Estados Unidos, o excesso de chuvas em praticamente todo o mês dificultou a colheita, atrasando as atividades, enquanto a demanda pelo grão e derivados daquele país estava fortemente aquecida. No mercado brasileiro, além do contexto externo, o impulso se deve aos baixos estoques no spot, à firme demanda e ao baixo nível pluviométrico. As altas foram verificadas mesmo com estimativas ainda apontando safra recorde global.
Além do atraso na colheita, que se normalizou na última semana de outubro, beneficiada pelo clima seco, os Estados Unidos passaram a enfrentar problemas logísticos para a entrega dos produtos do complexo soja (falta de vagões, barcaças e caminhões, que são disputados por outros produtos, principalmente petróleo).
Até o final de outubro, a colheita de soja norte-americana havia atingido 83,0% do total da área cultivada, alcançando a média dos últimos cinco anos, estando apenas 2 pontos percentuais abaixo do observado no mesmo período de 2013, conforme dados do USDA.
No Brasil, na primeira quinzena de outubro, enquanto praticamente todas as regiões produtoras de soja eram prejudicadas pela falta de chuva, no Sul do país, o excesso de água é que atrapalhava os trabalhos de campo. No final do mês, as condições climáticas estiveram favoráveis ao cultivo em praticamente todo o Brasil, mas ainda com casos de baixos índices pluviométricos, especialmente no Sudeste.
Neste contexto, os trabalhos de campo finalizaram outubro bastante atrasados em relação aos anos anteriores. Alguns produtores passaram, inclusive, a trabalhar com equipes em praticamente 24 horas do dia, à espera de normalizar o cultivo do grão o quanto antes. No Paraná, foram cultivados 61,0% da área até o final de outubro, contra 73,0% no mesmo período de 2013, segundo o Deral/Seab. Em Mato Grosso, cerca de 40,0% da área prevista foi cultivada, contra mais de 71,0% no mesmo período de 2013.
Em Minas Gerais, Goiás e Bahia, também foi grande o atraso devido à falta de chuva. Contudo, as precipitações no final do mês contribuíram para o avanço do cultivo.
Quanto aos preços, os valores do farelo de soja deram um salto nos mercados interno e externo em outubro, impulsionados pela firme demanda. Este cenário surpreendeu agentes. Segundo a equipe de proteína animal do Cepea, a oferta mundial de carnes está relativamente baixa, especialmente a de suínos, favorecendo reajustes dos preços e estimulando produtores a reforçarem a dieta dos rebanhos, puxando as compras de milho e farelo.
Quanto às exportações de soja em grão, em outubro, o volume foi de 710,0 mil toneladas, bastante inferior aos 2,66 milhões embarcados em setembro e 51,0% menor que o volume exportado no mesmo período de 2013. Na parcial de 2014, o Brasil embarcou 45,37 milhões de toneladas, volume recorde histórico anual, sendo 7,8% acima do mesmo período de 2013. A receita soma US$23,12 bilhões na parcial de 2014, apenas 3,0% acima da observada em 2013, visto que o valor pago pelo grão esteve, na média de janeiro a outubro de 2014, 4,4% abaixo do registrado no mesmo período de 2013, conforme a Secex.
Entre os derivados, em outubro, o Brasil embarcou 1,18 milhão de toneladas de farelo de soja, volume 3,9% inferior ao de setembro, mas 8,7% acima do observado no mesmo período de 2013. Na parcial de 2014, os embarques somam 11,86 milhões de toneladas, 6,4% maiores que os de janeiro a outubro de 2013. A receita média obtida pelas vendas externas do farelo de soja na parcial de 2014 totaliza US$6,12 bilhões, 10% acima do verificado no mesmo período de 2013. O preço médio recebido pelas vendas externas do farelo de soja na parcial de 2014 foi de US$515,92/t, 3,4% acima dos US$498,82/t no mesmo período de 2013.
Já as vendas externas de óleo de soja somaram 96,9 mil toneladas, 49,5% acima das exportações de setembro, mas 42,6% menores que em outubro/13. Em 2014, as exportações somam 1,01 milhão de toneladas até outubro, 4,5% inferior na comparação com o mesmo período de 2013. O preço médio das exportações dos dez primeiros deste ano meses foi de US$870,80/t, 17,8% menor que a média do mesmo período de 2013.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos