Médico Veterinário pela UFMS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, mestrando em Administração de Organizações na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP). Consultor de mercado. Coordenador da divisão de couro e sebo. Coordenador da divisão de consultoria a revendas agropecuárias. Coordenador da divisão de reprodução animal. Editor chefe do informativo Boi & Companhia.
O caso russo de estagflação, já ruim, está ficando pior. No início desta semana o governo reduziu as projeções econômicas, prevendo que o país vai entrar em recessão em breve. Poucos dias depois, os últimos dados de inflação adicionaram mais um insulto ao problema, com preços subindo mais de 9,0% em novembro.
A desvalorização do rublo é culpada por grande parte do aumento dos preços, uma vez que torna os produtos importados mais caros. Outro fator são as "contra-sanções" da Rússia, frente à importação de alimentos do Ocidente. Os preços destes itens subiram mais de 12,0% no último mês, de acordo com o Serviço Federal de Estatística.
O embargo foi iniciado como retaliação às restrições econômicas e comerciais que o Ocidente impôs à Rússia, por seu papel na desestabilização da Ucrânia, o que o Kremlin disse ser uma bênção à indústria agrícola local. Mas os produtores locais têm dificuldades para substituir a carne, peixe produtos lácteos, frutas e legumes que a Rússia normalmente importa. Isso fica claro nos preços dos alimentos atingidos pela proibição:
Entre os produtos mais atingidos, os preços dos tomates frescos subiram 35,0%, os do repolho tiveram alta de 24,0% e as cotações das batatas aumentaram 21,0%. Mas a maior alta de todas foi observada para o trigo sarraceno, cujas cotações subiram mais de 50,0% em um ano, considerando o intervalo terminado em novembro. Como a Rússia produz a maior parte deste último, as altas não se devem às sanções, ao menos não diretamente.
Rumores de uma má colheita para os itens básicos de alimentação parecem ser a causa de uma onda de compras nos supermercados, mas outros acreditam que o trigo sarraceno age como um indicador mais amplo do estado de espírito da população em tempos de crise, quando as pessoas estocam alimentos básicos. Ou seja, de certa forma, isto reflete o impacto das sanções sobre a economia russa sitiada.
Uma pesquisa realizada no mês passado revelou que 85,0% dos russos afirmaram que a proibição das importações de alimentos não traria problemas sérios para eles. Mas o risco é que quanto mais os compradores encontrarem prateleiras vazias e preços maiores no mercado, menor seja o apoio ao impasse com o Ocidente.
O rublo em desvalorização já está alterando os ânimos dos líderes empresariais, com o chefe do segundo maior banco da Rússia recentemente ameaçando os críticos em resposta a alegações de que a instituição teria culpa. Vai ser um problema muito maior para o governo se a situação se tornar tensa nos corredores dos supermercados, em relação aos preços e disponibilidade de produtos nas prateleiras.
Fonte: Sanctions are hitting Russians where it hurts-in their grocery baskets, por Jason Karaian, publicado em 5/12. Texto retirado do site qz.com e traduzido pela equipe da Scot Consultoria.
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