Zootecnista pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Ilha Solteira. Mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus de Jaboticabal. Consultor e analista da Scot Consultoria. Coordena as divisões de pecuária de leite, grãos, insumos, avaliação e perícia. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral. Editor-chefe da Carta Leite, da Carta Grãos e do Relatório do Mercado de Leite, publicações da Scot Consultoria.
Artigo originalmente publicado na Revista Agroanalysis.
No Brasil, os preços do milho subiram e desceram a ladeira no primeiro semestre.
No começo do ano aconteceu uma escalada, com a estiagem e a menor produção na primeira safra ou safra de verão.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço do grão subiu 39,2% ou R$10,00 por saca de 60 quilos de janeiro a março, chegando em R$34,00 na região de Campinas, em São Paulo. Veja a figura 1.
A área plantada encolheu 1,3% em 2013/2014, frente à safra anterior e, o clima desfavorável derrubou a produtividade média em 5,6%.
A produção foi 6,8% menor, na comparação com a primeira safra de 2012/2013.
A partir de março, com a safra de verão praticamente colhida e a baixa liquidez no mercado interno, os preços perderam a sustentação.
A melhora do clima e a expectativa de produção maior na segunda safra também colaboraram com a queda de preço.
Mais recentemente, o início da colheita da segunda safra fez os preços caírem, já que a disponibilidade do grão aumentou e a movimentação no mercado interno e para exportação ainda está pequena.
No acumulado de março a junho, as cotações do milho caíram 20,8%, com a saca retornando aos patamares do começo do ano.
Compra ou venda?
Para quem precisou comprar milho, o começo do ano e em maio e junho, foram os melhores momentos, considerando apenas o preço do grão.
Em curto prazo, os preços poderão cair mais. Vai depender do clima e do desenvolvimento das safras brasileiras (safrinha) e norte-americana.
As recentes chuvas e alagamentos no Sul do Brasil e as geadas, comuns nesta época, podem dar sustentação aos preços no mercado interno, caso interfiram na produção de segunda safra, em especial a paranaense.
Já para o produtor, os baixos preços do cereal e a expectativa de um segundo semestre melhor em termos de preço, mantem a baixa liquidez do mercado.
No Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (DERAL), até o dia 9 de junho, 6,0% do milho de segunda safra foi negociado para entrega futura.
No Mato Grosso, até o final da primeira quinzena de junho, 25,6% do milho havia sido comercializado, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).
Ainda do lado vendedor, a seguir, uma simulação de resultado econômico considerando dois momentos para venda do grão em 2014: um na boca da safra, em janeiro, com a cotação do milho em R$17,00 por saca na região de Rondonópolis, em Mato Grosso, e o outro, no começo de março, com a saca em R$23,00 na região.
A época de plantio foi a mesma, ou seja, na segunda safra. O IMEA estima o custo de produção em R$1.504,29 por hectare em 2013/2014 na região de Rondonópolis-MT.
A produtividade média esperada no estado na safra atual é de 84,5 sacas por hectare.
Observe na tabela 1, que o milho em R$17,00 por saca (primeiro cenário) não paga as contas, dando prejuízo de R$52,49 por hectare.
No segundo cenário, com o milho em R$23,00 por saca, o lucro é de R$459,91 hectare.
As rentabilidades, considerando o preço médio da terra para agricultura na região, foram respectivamente, de -0,40% e 3,51%.
Considerações finais
O mercado de milho dependerá, em boa parte, das exportações para escoar a produção brasileira no segundo semestre.
Este ano, porém, a oferta (expectativa) será boa nos Estados Unidos, principal exportador mundial, e concorrente do Brasil.
Apesar da redução da área plantada na temporada atual (é a menor desde 2010), a produção norte-americana está estimada próxima do volume colhido na safra anterior. O clima está favorável este ano.
Estão previstas 353,97 milhões de toneladas em 2014/2015, frente as 353,72 milhões de toneladas colhidas anteriormente (USDA).
O plantio do milho está concluído nos Estados Unidos, com o início da colheita prevista para agosto.
Com relação as exportações brasileiras, estão previstas 21,00 milhões de toneladas de milho em 2014, frente ao recorde registrado no ano passado, de 26,17 milhões de toneladas embarcadas.
Estes números são da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e contemplam a expectativa de um mercado externo disputado este ano.
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