Engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Artigo originalmente publicado na Revista DBO
Com a recomposição dos estoques mundiais, a rentabilidade média da produção de soja diminuiu nos últimos anos.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 2011/2012 eram 54,0 milhões de toneladas do grão em estoques finais. Para 2015/2016, a estimativa é de 93,2 milhões de toneladas, 72,4% maior.
O aumento dos estoques nos últimos anos veio acompanhado de uma queda no ritmo de crescimento da demanda mundial, pressionando as cotações no mercado internacional e brasileiro.
Com o aumento dos custos de produção, o lucro do produtor de soja está em queda desde 2011/2012, cuja média era de R$1.393,88 por hectare na região de Rondonópolis, em Mato Grosso. Para 2015/2016, considerando o preço médio de venda e a mesma produtividade de 2014/2015, o lucro estimado é de R$65,56 por hectare, segundo a Scot Consultoria.
A alta nos custos de produção em 2015/2016, em relação a safra que se encerrou, deve impactar fortemente nos resultados.
Diante deste cenário, de queda no resultado economico da atividade e dos aumentos de custos de produção, a área plantada de soja deverá crescer menos em 2015/2016, em relação aos incrementos verificados nas safras anteriores. Aliás, este ritmo vem diminuindo desde 2012/2013.
Para a safra 2015/2016, a ser semeada a partir de setembro no Brasil, estimamos um crescimento entre 2,5% e 3,5% na área plantada com a cultura, em relação a 2014/2015, quando a área aumentou 5,7%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
Um crescimento menor da área de soja em 2015/2016 poderia impactar nos preços do farelo de soja e, por consequência, nas cotasções dos demais alimentos concentrados proteicos. Este cenário ganhou força diante de uma menor produção nos Estados Unidos e Argentina, importantes produtores de soja grão e de farelo.
Aliás, as cotações tanto do grão como do farelo de soja ganharam sustentação no mercado internacional em junho, com as chuvas nos Estados Unidos e possibilidades de redução de área plantada em função dos prejuízos às lavouras.
No mercado brasileiro, o farelo de soja está no patamar mais baixo de preço desde 2012, quando chegou a ser comercializado acima de R$1,4 mil por tonelada. Em junho de 2015, a referencia em São Paulo era R$995,00 por tonelada, segundo a Scot Consultoria.
Outro fator de sustentação é o dólar valorizado em relação ao real. O Brasil exporta metade da sua produção de farelo e as variações de câmbio têm impactado diretamente nas cotações do insumo.
Depois de dois anos de preços historicamente baixos, em função de estoques mais confortáveis e demanda crescendo em uma proporção menor, os preços do farelo podem ganhar sustestanção neste final de 2015 e em 2016.
O planejamento das compras de insumos e a análise rotineira destes mercados são fundamentais para o sucesso da atividade pecuária.
*Colabourou Rafael Ribeiro - zootecnista
Qual a expectativa para os preços da soja no Brasil em janeiro de 2025?
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