O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.
As chuvas verificadas no final de outubro no Centro-Oeste e no Sudoeste favoreceram o avanço do cultivo da oleaginosa, que estava atrasado em algumas localidades dessas regiões, devido à baixa umidade. Já no Sul, fortes chuvas interromperam os trabalhos de campos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Diferentemente, no Norte e Nordeste, produtores ainda aguardavam maior umidade para intensificar o cultivo.
Assim, em grande parte do mês, as atenções se concentraram no campo, e a comercialização do grão para entrega em 2016 esteve lenta. Ao mesmo tempo, o cumprimento de embarques de soja e derivados seguiu intenso, superando até mesmo o volume estimado pela Conab para este ano.
Em outubro, as exportações da soja em grão somaram 2,59 milhões de toneladas, mais que o triplo do volume embarcado em outubro/14, segundo dados da Secex. Na parcial de 2015, o Brasil já exportou 52,15 milhões de toneladas, 14% a mais que em todo o ano passado e já acima das 50,88 milhões de toneladas estimadas pela Conab para 2015. A receita em Reais deste ano já supera em 4,9% todo o montante de 2014, puxada, além do elevado volume, pela forte valorização do dólar.
De farelo de soja, foram exportadas 1,39 milhão de toneladas em outubro, 26,8% a mais que em setembro (1,1 milhão de toneladas) e 18,5% a mais que há um ano. De janeiro a outubro de 2015, foram embarcadas 12,66 milhões de toneladas do derivado, aumento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2014. A receita obtida com as vendas de farelo de soja na parcial de 2015 aumentou 5,2% se comparada à do mesmo período do ano passado - dados da Secex.
Os embarques brasileiros de óleo de soja, apesar de terem recuado 2,6% entre setembro e outubro, ainda surpreendem agentes ao somarem 1,28 milhão de toneladas neste ano, volume 8,3% superior ao exportado em todo o ano de 2014. A receita obtida na parcial deste ano com os embarques de óleo já está 28,2% acima da obtida em 2014 todo - dados da Secex. A maior demanda internacional está atrelada aos preços elevados do óleo de palma.
Especificamente no caso do óleo de soja, desde agosto de 2014, observa-se que as demandas externa e interna estão firmes. Os principais compradores internacionais são a Índia e a China e, no mercado doméstico, o interesse é para a produção de biocombustível - atualmente, o óleo de soja representa 78% do óleo utilizado para a produção de biodiesel no Brasil.
Quanto aos preços da soja em grão e dos derivados, estes registram alta expressiva neste ano. As variações mais intensas ocorreram na parcial deste segundo semestre, período em que houve a disparada do dólar, entressafra no Brasil e embarques de grão e derivados acima da média para o período.
Segundo dados do Cepea, na média das regiões acompanhadas, o preço recebido pelo produtor em outubro esteve 30,6% superior ao de outubro/14, em termos nominais. No mercado disponível, a valorização média do grão é de 32%; para o óleo, o aumento também foi de 32% e, para o farelo, de 33%.
O Indicador Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa, na condição transferido corredor de exportação e/ou sobre rodas no porto, na modalidade spot, subiu 34% entre outubro/14 e outubro/15, com a média a R$81,98/sc de 60 kg em outubro/15. Ao ser convertido para dólar (moeda prevista nos contratos na BM&FBovespa), o Indicador registrou média de US$21,14/sc de 60 kg em outubro, forte queda de 15,4% em relação ao mesmo período do ano passado. No mesmo intervalo, o dólar subiu expressivos 58,3%, a R$3,879. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, teve forte elevação de 31,2% em um ano, a R$78,14/sc 60 kg em outubro/15.
Nos Estados Unidos, a colheita foi beneficiada pelas boas condições climáticas e, até o final de outubro, restavam apenas 8% da safra norte-americana para ser colhida. Porém, a valorização do dólar frente a uma cesta de moedas afastou compradores dos Estados Unidos. Com isso, na Bolsa de Chicago (CME Group), o primeiro vencimento da soja em grão registrou média de US$8,9051/bushel (US$19,63/sc de 60 kg) em outubro/15, 7,7% inferior à de outubro/14. Para o farelo de soja, o primeiro vencimento teve média de US$306,62/tonelada curta (US$337,99/t), baixa de 10,8% na mesma comparação. Para o óleo de soja, o mesmo vencimento cedeu 13,6% em um ano, a US$0,2813/lp (US$ 620,15/t).
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