Engenheira Agronomo
A degradação das pastagens resulta em queda acentuada da capacidade de suporte e do ganho de peso vivo dos animais a cada ano de utilização. Portanto, para um bom resultado na produtividade é necessário realizar a reforma.
Para que a pastagem atinja todo o seu potencial produtivo, a reforma deve ser realizada de forma correta e de acordo com as necessidades. O preparo do solo e a utilização de insumos são etapas cruciais para um bom resultado final.
A participação dos fertilizantes no custo de produção de uma pastagem é entorno de 40,0% até 45,0%, assim é essencial saber a hora certa de investir para não ter prejuízos depois.
Geralmente os últimos três meses do ano (outubro, novembro, dezembro) são quando se iniciam as movimentações para a reforma das pastagens, em função do período de chuvas.
Nos últimos meses de 2015 faltou muita chuva no Centro-Norte do Brasil e isso fez com que muitos pecuaristas deixassem de fazer a operação de reforma no final do ano e adiassem para este ano que começou com chuvas nessas regiões, dando inicio a movimentação para quem estava disposto a reformar.
No ano passado, o cenário era muito incerto com relação aos custos. Agora já temos algumas certezas, mas antes de falar de custos, vale a pena destacar o cenário do mercado de fertilizantes em dezembro e janeiro.
Nesses meses a demanda era fraca e os estoques das empresas eram relativamente altos, mas mesmo assim as empresas relutavam para não abaixarem os preços, em função principalmente do dólar.
No Brasil, grande parte dos fertilizantes são importados. O potássio, por exemplo, chega a 90,0% de importação de produtos, o nitrogênio e o fósforo em torno de 55,0% a 60,0%, ou seja, o dólar tem forte impacto nos preços dos adubos no mercado brasileiro.
Assim, apesar de demanda enfraquecida, os preços não caíram em dezembro e janeiro. Em fevereiro iniciou-se um recuo do dólar e março vem acompanhando, conforme a figura 1, principalmente devido ao cenário político brasileiro que tem grande influência sobre o câmbio, portanto uma pressão de baixa se inicia no mercado de fertilizantes.
Figura 1.
Cotação diária do dólar em 2016, em R$.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, as cotações dos fertilizantes nitrogenados caíram, em média, 1,7% em fevereiro, em relação a janeiro deste ano. Para os adubos potássicos e fosfatados, as quedas foram de 0,6% e 0,5%, respectivamente, no mesmo período.
Entretanto, se comparar fevereiro deste ano com fevereiro de 2015, o produtor está pagando entre 7,0% e 16,0% a mais por esses insumos. Então, apesar de queda em curto prazo, temos patamares de preços elevados para esse ano.
Entrando nos custos de produção, a Scot Consultoria estimou o custo de produção para pastagem para dar um parâmetro para quem pensa em trabalhar as pastagens, lembrando que os custos são muito individuais.
No Centro-Oeste e Centro-Sul a estimativa é de R$1.700,00, considerando a formação completa, com preparo do solo convencional fazendo uma aração e duas gradagens, uso completo de insumos, adubo de cobertura e adubação de solo.
No ano passado a estimativa considerando as mesmas operações era de R$1.300,00 a R$1.400,00. Em média, 25,9% menores que os custos nesse ano. O que mais puxou os preços esse ano foram às operações mecanizadas que tiveram um aumento significativo, o óleo diesel e a mão de obra, por exemplo, tiveram um aumento de 50,0% e 10,0%, respectivamente.
Infelizmente, é necessário lidar com esses custos na propriedade, pois a pastagem é um dos investimentos de maior importância tanto na pecuária de corte como na pecuária leiteira. Muitos pecuaristas gostam de economizar no pasto, mas isso tem um impacto significativo lá na frente, na produtividade e consequentemente no resultado da atividade.
Dentro dos itens que o produtor elenca para abaixar custos e economizar, a pastagem tem que estar fora dessa conta. É preciso saber aonde, como economizar e o que se pode ser economizado. Na necessidade de reformar as pastagens, esse deve ser um investimento sempre pensado e considerado.
A moeda do pecuarista é a arroba e para ajudar na tomada de decisão, a Scot Consultoria fez a relação de troca entre o mercado do boi gordo e os fertilizantes.
O superfosfato simples em São Paulo está torno de R$950,00 a R$1.000,00 por tonelada sem o frete, uma relação de troca de 6,3@ de boi gordo para a compra de uma tonelada. Assim, com o mercado do boi gordo firme nos últimos meses e os preços dos fertilizantes estáveis em dezembro, janeiro e queda em fevereiro, teve uma melhora no poder de compra do pecuarista. Essa melhora foi na ordem de 3,0% comparando fevereiro deste ano com janeiro último.
Porém, voltando às análises que a Scot Consultoria fez para o milho e suplementos minerais, em relação ao mesmo período do ano passado, o poder de compra do pecuarista diminuiu quase 10,0%, devido principalmente ao aumento dos preços de fertilizantes mesmo com a arroba em patamar interessante ao pecuarista.
Vale destacar que as relações são feitas de acordo com os preços atuais da arroba e dos insumos, sendo que esses preços podem se alterar e a relação melhorar ou se estreitar.
O cenário internacional é de preços para baixo de adubos por conta da produção crescente e demanda pelos produtos se mantendo ou até mesmo em queda, por exemplo: Estados Unidos, Índia, Brasil e China demandando menos fertilizantes, câmbio e preços do petróleo em recuo, influenciando principalmente os fertilizantes nitrogenados.
A baixa demanda também atua positivamente para a entrega e logística da chegada do produto até a fazenda, dando melhores condições para a entrega do produto nesse primeiro semestre.
Então a dica é ficar de olho nos preços nos próximos meses e para quem ainda pensa em comprar fertilizantes e vê boas condições de chuvas na região para trabalhar com a pastagem, fica a ressalva que o momento ainda é bom para comprar fertilizantes.
Em anos de incertezas e expectativa de patamares elevados para os preços, no caso dos adubos, comumente ocorre antecipações, quando se tem esse movimento de antecipação bastante forte como foi 2013 e 2014 (anos recordes de vendas), tem-se também antecipações de altas de preços. O agricultor já compra então os adubos para a safra de verão (abril, maio, junho), ou seja, antecipa de dois até três meses as compras.
Portanto, a curto e médio prazo o cenário é baixista, a demanda nesse ano é mais fraca, mas talvez alguns setores como o de cana-de-açúcar com alguma recuperação possa demandar um pouco mais, mas boa parte dos adubos para a safra de inverno ou segunda safra já foram adquiridos no segundo semestre de 2015, então se deve ter um mercado mais calmo até o final de março, ou seja, oportunidades de compras podem aparecer.
É necessário o pecuarista ficar de olho, principalmente em anos que temos pressão de alta do lado dos custos de produção, não só na adubação, mas como para o milho, farelo de soja, suplementos, mão de obra, combustíveis e que pesam no bolso do pecuarista.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos