Zootecnista, formado pela Universidade Estadual de Maringá - UEM, Câmpus de Maringá-PR. É analista de mercado da Scot Consultoria. Editor-chefe do Relatório de Terras, publicação da Scot Consultoria. Pesquisador de mercado nas áreas de boi, leite e grãos. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado do boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.
Em março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados consolidados de abates de bovinos no Brasil em 2015.
E o resultado. Queda em relação ao ano anterior. Em 2015 foram 30,64 milhões de bovinos abatidos sob algum tipo de inspeção, retração de 9,6% em relação a 2014.
A maior retenção de fêmeas colaborou e fez o peso médio das carcaças aumentar 2,8% em 2015, chegando a 244,5 kg/animal.
Observando a consolidação dos abates de bovino no Brasil, ficou claro que, em 2015, a recomposição do rebanho começou a dar sinais de melhora, a participação de fêmeas no abate teve queda de 2,9 pontos percentuais, em relação ao ano anterior.
Figura 1.
Participação anual de machos e fêmeas no abate total de bovinos de 1997 a 2015
Os números recém-divulgados pelo IBGE confirmam as análises da Scot Consultoria, e o termômetro utilizado pela empresa foi a vontade do recriador e do invernista em comprar bezerro, e, além disso, a falta de oferta, confirmada pela retenção de fêmeas para produzir bezerros e animais de reposição, colaborou para a valorização.
Essa retenção de fêmeas deve continuar ao longo de 2016. Isso, baseado no último ciclo pecuário, onde a participação de fêmeas no abate chegou a 36,0%, percentual um pouco distante do atual (38,9%) e no preço atrativo de venda da reposição.
Seguindo a média do último ciclo pecuário, ainda devemos ter de um a dois anos a mais de retenção.
Porém a retenção de fêmeas ainda não resultou em maior oferta de animais para o abate, sendo assim, para 2016, o preço da arroba dos animais terminados deve permanecer mais firme do que os animais de reposição.
A oferta de boiada deve aumentar em 2017, que será o bezerro concebido em 2015. Portanto, teremos ainda dois anos de diferença para esse bezerro chegar ao mercado.
Contudo, essa é uma análise do ponto de vista de preço relativo, o preço do bezerro permanece valorizado frente ao boi gordo, portanto pode ocorrer um ajuste nos preços ao longo desse ano.
Em São Paulo, o primeiro trimestre desse ano mostrou queda de preço ofertado pelo bezerro, já para o boi gordo houve valorização da arroba, evidenciando esse ajuste.
Analisando a participação de fêmeas no abate por estado, podemos ver que em Rondônia a situação não é a mesma do restante do país. Rondônia apresentou um aumento de quase 12,0% na participação de fêmeas no abate, em 2015.
Isso porque a demanda está abaixo da oferta, gerando desvalorização da arroba do animal terminado. Das trinta e uma praças pesquisadas pela Scot Consultoria, Rondônia possui o boi gordo com a arroba menos valorizada.
Olhando os anos anteriores, Rondônia vinha sendo o estado com a maior queda de participação de fêmeas nos abates, ou seja, a recomposição do rebanho bovino começou antes dos demais estados.
Com isso a oferta de animais aumentou e permitiu as indústrias aplicarem uma estratégia de redução de preços. Com a desvalorização os produtores estão aumentando o descarte de fêmeas, justamente em consequência de um mercado menos favorável.
Já em Tocantins, onde o sistema de cria prevalece, ocorre o inverso. O estado teve a maior retenção de fêmeas dentre os analisados pelo IBGE. A participação de vacas e novilhas no abate total foi de 26,0%. Os produtores estão retendo uma porcentagem maior de fêmeas, tendo em vista a valorização dos animais de reposição.
A participação de fêmeas nos abates caiu mais no Tocantins, em Goiás, São Paulo, no Pará e no Maranhão. Em consequência disso, pode-se esperar, para os próximos anos, que a produção de bezerros aconteça de forma mais acentuada nesses estados.
Além de Rondônia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul lideram como estados com menor retenção de matrizes.
Vale ressaltar que estes números são indicadores e provém uma tendência de mercado. Sendo este um bom ponto de partida para entender onde a oferta irá melhorar comparativamente com os anos anteriores.
A perspectiva é de que ocorra um ajuste nos preços ofertado pelo bezerro, contudo, esta ainda deve ser uma categoria valorizada comparada ao boi em 2016.
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