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Scot Consultoria

Uma luz no final do túnel no mercado do leite?


Quarta-feira, 25 de maio de 2016 - 16h26

Zootecnista, formado pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Câmpus de Ilha Solteira-SP, mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP. É analista e consultor de mercado da Scot Consultoria. Coordena as divisões de pecuária de leite, grãos e avaliação e perícia. Editor-chefe do Relatório do Mercado de Leite, publicação da Scot Consultoria. Atuação nas áreas de análises, estabelecimento de cenários, estratégias de mercado, realização de projeções de preços, oferta, demanda, análises setoriais e pesquisa de opinião e imagem. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.


Os preços do leite ao produtor estão em alta desde o final de 2015.

De novembro do ano passado até o pagamento de março, último antes do fechamento desta edição, o preço (média nacional) subiu 5,2%, fechando em R$1,009 por litro de leite.

Figura 1.
Preço do leite ao produtor, média nacional, em R$ por litro de leite.

A produção brasileira diminuiu nos últimos meses gerando forte concorrência entre os laticínios pela matéria-prima (leite cru) e valorizações no mercado interno.

A queda na curva de produção no Brasil Central, regiões Sudeste e Sul do país é comum neste período, é o início da entressafra. Porém, este ano houve um agravante, que foi o aumento expressivo nos custos de produção, em especial com a alimentação concentrada (milho), que diminuiu os investimentos e levou a cortes de despesas na atividade.

Segundo o Índice Scot Consultoria para o Custo de Produção da pecuária leiteira, os custos da atividade subiram 26,2% em abril deste ano, frente a abril do ano passado.  Na média dos quatro primeiros meses de 2015, o aumento foi de 21,8%.

Para uma comparação, o produtor está recebendo 12,5% a mais pelo leite, em relação ao mesmo período do ano passado.

O clima adverso também prejudicou a produção em algumas regiões.

Ou seja, apesar do mercado firme e preços do leite e derivados em alta, o cenário é de cautela, com as margens apertadas para o produtor de leite.

A expectativa é de alta nos preços pagos aos produtores até julho/agosto, entretanto, alguns fatores merecem atenção em curto e médio prazos, já que podem limitar estes aumentos.

O primeiro é a importação de lácteos. Os volumes importados pelo Brasil aumentaram consideravelmente em março e devem seguir aquecidos nos próximos meses, com a menor disponibilidade interna. Os patamares baixos de preços do leite em pó no mercado internacional aumentam a competitividade do produto importado em relação ao brasileiro, mesmo com o dólar valorizado, em relação ao real.

O segundo ponto de atenção é a demanda interna, principalmente pelos produtos lácteos de maior valor agregado, como queijos, iogurtes, entre outros, que segue patinando, a exemplo de 2015.

Mais um ano de margens apertadas

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou um custo operacional médio de R$1,09 por litro de leite na região de Ibiá, em Minas Gerais, em 2015.

Neste ano, o preço médio do leite pago ao produtor no estado foi de R$0,938 por litro, segundo dados da Scot Consultoria. Com isso, houve prejuízo médio de R$0,152 por litro de leite produzido.

Se considerarmos os preços do leite com bonificação por qualidade e volume, ou seja, uma propriedade com maior grau de tecnologia e manejo, a média recebida foi de R$1,289 por litro em Minas Gerais em 2015.

Neste caso, o custo médio de produção foi estimado em R$1,150 por litro, o que gerou um lucro de R$0,139 por litro de leite produzido.

Para 2016, consideramos a variação média dos custos de produção da pecuária leiteira no primeiro quadrimestre, de 21,8%, para estimativa dos custos (Índice Scot Consultoria).

Na estimativa do preço do leite pago ao produtor, foi considerada uma variação média de 11,2% nos valores em 2016, em relação a 2015. Esta foi a valorização no primeiro quadrimestre deste ano, frente ao anterior.

Tabela 1.
Estimativa de resultado econômico da produção de leite em Minas Gerais, em R$ por litro de leite.

Para a atividade leiteira de média a alta tecnologia, o lucro estimado é de R$0,033 por litro de leite em 2016, uma queda de 76,5% em relação ao resultado médio de 2015.

Para a pecuária de baixa tecnologia, a expectativa é de mais um ano de prejuízo, de R$0,284 por litro.

Considerações finais

O cenário é de cautela no mercado do leite em 2016.

Os custos de produção subiram mais do que o preço do leite pago ao produtor, mantendo as margens apertadas.

Para a atividade com aplicação crescente de tecnologia, a expectativa é de queda no lucro médio por litro de leite produzido, mas ainda assim, espera-se resultado positivo. Diferente da pecuária de leite de baixa tecnologia que deve amargar mais um ano de prejuízo.

Por fim, planejamento, gestão e estratégias de compras de insumos são essenciais, em especial em anos de incertezas.

Fonte: Revista Agroanalysis. Volume 36, número 05. Maio de 2016.


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