O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.
Em junho, os preços do milho caíram fortemente em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Depois de atingir a máxima de R$53,91/saca no início do mês, o Indicador ESALQ/BMF&Bovespa (referência Campinas - SP) apresentou consecutivas quedas, que foram acentuadas a partir da segunda quinzena do mês. No acumulado do período, o Indicador se desvalorizou 22,3%, fechando a R$41,28/saca no dia 30. A média mensal foi de R$49,12/saca, recuo de 4,6% em relação a maio, a primeira desvalorização do Indicador em 12 meses.
Na média das praças consultadas pelo Cepea, a queda acumulada em junho foi de 21,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e de 13,6% no de balcão (preço recebido pelo produtor).
As desvalorizações do cereal decorreram do aumento na oferta e da demanda retraída. Na primeira quinzena, produtores disponibilizaram um volume maior do produto, na tentativa de aproveitar os altos patamares de preços. Compradores, por sua vez, postergaram as aquisições, limitando os negócios a pequenos volumes, para consumo imediato. Com isso, a pressão sobre as cotações foi intensificada, e produtores capitalizados se retraíram, resultando em lentidão nas negociações nos mercados spot e a termo.
O recuo dos preços do milho, que já era esperado para esse período, devido ao início da safra de inverno, foi visto como um ajuste de mercado, dados os altos patamares, resultado da baixa oferta do cereal e de especulações em torno da queda de produtividade nas lavouras. O ritmo das exportações no segundo semestre deve direcionar com mais clareza o comportamento das cotações no mercado interno.
As negociações nos portos seguiram praticamente paralisadas em junho. Com os preços domésticos mais atrativos frente à paridade de exportação, vendedores permaneceram retraídos em Paranaguá-PR e em Santos-SP.
Diante da menor competitividade das exportações brasileiras, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou os dados no seu último relatório, com os embarques devendo somar 25,4 milhões de toneladas, queda de 16% em relação à safra anterior.
A Conab também alterou os números da produção nacional, agora estimada em 76,2 milhões de toneladas, 10,0% inferior ao volume do ano anterior, mas ainda o segundo maior da série histórica. A redução veio da menor produtividade das lavouras da segunda safra. Do total, boa parte já foi negociada. O Imea estima que 65,8% da produção mato-grossense tenha sido negociada, e o Deral projeta 29,0% para o Paraná.
Nesse cenário de incertezas, os contratos futuros de milho na BM&FBovespa apresentaram recuo, com destaque para o vencimento Jul/16. No acumulado de junho, a queda foi de 14,9%. Para os contratos Set/16 e Nov/16, as baixas foram de 7,2% e 1,7%, respectivamente.
Na Bolsa de Chicago, os contratos de milho também recuaram, refletindo as previsões de chuvas, que podem favorecer as já excelentes condições das lavouras norte-americanas. Além disso, o relatório do USDA indicando maior área de milho semeado no país reforçou a pressão sobre as cotações. No acumulado do mês, o contrato de Jul/16 apresentou significativa queda de 11,4% ao fechar a US$3,5875/bushel (US$141,23/t) no dia 30. Os contratos Set/16 e Dez/16 se desvalorizaram 10,1% e 9,1%, fechando a US$3,6550/bushel (US$143,89/t) e a US$3,7125/bushel (US$146,15/t), respectivamente.
Na Argentina, da área total estimada com milho no país, 41,0% foram colhidos até o dia 27 de junho, segundo a Bolsa de Cereais. Com bons rendimentos em várias regiões, a projeção de produção foi reajustada para 28,0 milhões de toneladas, com a produtividade média de 8,7 toneladas/ha.
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