O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.
Os preços de soja e derivados caíram nos Estados Unidos e no Brasil em julho. A pressão esteve atrelada ao clima favorável às lavouras norte-americanas, a menor demanda externa e a queda do dólar frente ao Real, que desfavoreceu as vendas brasileiras. Esses fatores retraíram os sojicultores domésticos, que não demonstraram interesse de negociar o restante da safra 2015/16 no curto prazo - o volume remanescente estimado em 17,0% do total colhido. Esses vendedores estiveram atentos às recentes quedas nos preços do grão, que voltaram aos patamares observados em maio, período de finalização da colheita brasileira.
No início do mês, players mundiais que acompanhavam o desenvolvimento das lavouras norte-americanas especulavam sobre as influências que o fenômeno climático La Niña poderia causar na próxima safra. Enquanto, para alguns, o clima quente e seco poderia prejudicar a lavoura, para outros, a safra norte-americana sairia "ilesa" desses efeitos climáticos. Isto manteve os sojicultores retraídos, e as negociações ficaram travadas.
No geral, a disparidade entre os valores de compradores e vendedores impediram novas negociações. Enquanto compradores se atentavam à queda nos preços durante o mês de julho, vendedores se mantiveram esperando valores maiores neste segundo semestre, fundamentados na baixa oferta de soja no Brasil.
As exportações estiveram menores em julho; de soja em grão totalizaram 5,78 milhões de toneladas, 25,0% inferior ao volume de junho/16 e 31,0% menor que o de julho/15, segundo dados da Secex. Ainda assim, na parcial de 2016, o Brasil já embarcou 44,35 milhões de toneladas, volume recorde para o período. Mesmo com a desvalorização do dólar em julho, o preço médio pago pelo grão foi de R$82,37/saca de 60kg, 4,9% superior ao do mês anterior.
De farelo de soja, foram 1,38 milhão de toneladas embarcadas em julho, 11,5% inferior à quantidade de junho/16. Nos primeiros sete meses de 2016, as vendas externas do farelo somam 9,8 milhões de toneladas, 8,7% acima do volume do mesmo período de 2015, de acordo com dados da Secex. O preço médio pago pelo derivado foi de R$1.318,24/tonelada, 6,2% superior ao de junho/16.
As exportações de óleo de soja somaram 73,8 mil toneladas, menos da metade do volume embarcado em junho/16 (159,67 mil toneladas) e 20,7% menor que a quantidade embarcada em julho/15. Em 2016, as vendas de óleo estão 1,6% inferiores às de 2015. O preço médio pago pelo óleo foi de R$2.313,69/tonelada, 3,2% mais barato que o de junho, ainda conforme dados da Secex.
No segmento de derivados, apesar da maior oferta no mercado doméstico, indústrias sinalizaram paralisar o processamento do grão, alegando margem reduzida. Caso a paridade para exportação siga baixa no próximo mês e os vendedores domésticos, retraídos, agentes da indústria indicam que as margens podem ficar negativas.
Antes de paralisar o processamento, parte dos representantes das indústrias indicou que deve esmagar volume suficiente para garantir abastecimento à demanda doméstica. A maior parte dessas indústrias tinha a intenção de voltar ao mercado apenas na próxima safra, enquanto algumas unidades retomam o processamento em setembro.
Para os preços domésticos, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no porto de Paranaguá (PR), teve uma média mensal de R$87,46/saca de 60 kg em julho, uma redução expressiva de 8,1% em relação à média de junho, ainda assim os preços estiveram 7,5% maiores que o mesmo período do ano passado, em termo real.
A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, teve média a R$82,84/saca de 60kg em julho, queda de 8,5% em relação ao mês anterior. Se comparado ao mesmo período do ano passado, em termos reais, em julho/16 os preços subiram 9,4%. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre os meses de junho e julho, os preços no mercado de balcão (recebido pelo produtor) caíram 8,7%, e no mercado de lotes (negociação entre empresas) 8,1%. Se comparado julho/15 e julho/16, houve alta de 22,3% e 46,3%, respectivamente.
No segmento de derivados, na média das praças brasileiras acompanhadas pelo Cepea, os preços de farelo de soja de julho estiveram 8,2% inferiores aos de junho. Se comparado há um ano, os preços do farelo subiram 18,0%, em termos reais.
No mercado de óleo de soja, os valores cederam 5,3% entre junho e julho, com a tonelada a R$2.610,0 (posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS) na média mensal. Considerando as médias anuais, a variação julho/2015 e julho/2016 registrou aumento de 4,2% em termos reais.
Na Bolsa de Chicago (CME Group), a média do primeiro vencimento da soja foi reduzida em 7,3% entre junho e julho, a 10,6250/bushel (US$ 23,42/saca de 60kg). No entanto, observa-se alta de 4,8% em relação a julho/15. Para o farelo de soja, a média do primeiro vencimento finalizou a US$365,85/tonelada curta (US$403,28/tonelada), expressiva queda de 9,1% se comparado a junho, mas alta de 2,2% frente a julho/15. Já no contrato Jul/16 de óleo de soja, as médias mensais se desvalorizaram 4,8% e 3,7%, respectivamente, a US$0,3038/lp (US$669,86/tonelada).
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