Parallaxis Consultoria - informações sob indicadores econômicos em geral.
O indicador de produção industrial, elaborado pelo IBGE (PIM-PF), apresentou queda pelo 28o. mês consecutivo na comparação interanual. Em julho/16 o resultado foi de -6,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já na comparação mensal, o indicador apresentou avanço, de 0,1%, ajustado sazonalmente, após avançar 1,1% em junho/16, sendo o 5o avanço consecutivo na margem, desde março/16. Em 12 meses, a produção industrial acumula retração de 9,6%.
O avanço na comparação mensal não se revelou uma surpresa em relação ao esperado, visto que a projeção da Parallaxis apontava para alta (+0,18% m/m e -6,5%). Novamente, destacamos que este crescimento marginal deve-se, entre outros fatores, à retomada da produção após a normalização dos estoques em alguns setores. Outro fator de influência tem sido a taxa de câmbio mais competitiva (ainda desvalorizada em relação à períodos anteriores), o que tem ativado a retomada de alguns setores tanto via exportação, como pela via de substituição de importações.
A produção industrial notoriamente está se estabilizando num patamar de baixa atividade econômica. Porém, esta estabilização ainda não se consolidou. Acreditamos que estamos diante de dois cenários possíveis, um no qual a recuperação se dará de maneira mais lenta e gradual ou diante de uma estabilidade em um patamar muito baixo de atividade, que perdurará por um longo tempo. Muito provavelmente veremos movimentos erráticos nos próximos meses, ora positivos ora negativos, porém os dados sugerem ligeira melhora, devido a interrupção da deterioração.
De tal sorte, o cenário prospectivo está em linha com nossa expectativa para a produção industrial em 2016, de recuo de 6,0%.
Dentre os 26 ramos da pesquisa, em relação a julho/15, houve queda em 22 ramos. Já em relação a junho/16, 11 ramos pesquisados (de 24) apresentaram crescimento na passagem para julho, com ajuste sazonal.
Na comparação com julho/15, os ramos que apresentaram piores resultados, e mais impactaram, foram as produções de: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-10,7%), indústrias extrativas (-9,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-13,8%), máquinas e equipamentos (-13,3%), produtos de metal (-13,4%) e produtos do fumo (-44,2%). No sentido oposto, avançaram os ramos de produtos alimentícios (2,3%), puxado pelo aumento da produção de açúcar cristal e VHP, e produtos de madeira (4,7%) e Perfumaria, sabões e produtos de limpeza (1,1%).
Na comparação mensal, os maiores avanços na margem, que impactaram o resultado global do indicador, foram os setores de: indústrias extrativas (1,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (5,8%), metalurgia (1,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,4%) e produtos de borracha e de material plástico (1,3%). Na comparação mensal e em queda, destacaram-se os segmentos de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-6,0%), produtos do fumo (-15,1%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-2,4%) e outros produtos químicos (-3,2%).
Na abertura por grandes categorias econômicas, os dados vieram um pouco piores do que no mês passado, devolvendo parte dos ganhos recentes.
Veja os detalhes da abertura por Categorias Econômicas na tabela abaixo:
Na comparação trimestral, a produção industrial avançou 2,1% no maio-junho-julho comparado com o tri imediatamente anterior (fevereiro-março-abril) e ajustado sazonalmente. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a produção industrial recuou 6,6 %.
Enfim, estruturalmente pouco se alterou na economia que impulsione a produção industrial. Conjunturalmente, a desvalorização cambial tem impulsionado alguns setores da indústria, e como vimos, foi responsável para que o PIB do 2o trimestre não trouxesse dados ainda piores. Para que a recuperação se consolide, temos destacados três pontos importantes: (i) o câmbio, (ii) a taxa de juros e (iii) a desalavancagem do setor privado.
A taxa cambial, se seguir um ciclo de revalorização, poderá abortar o processo de retomada. A taxa de juros real precisa recuar de modo que possibilite a retomada dos investimentos de maneira mais ampla. E por fim, o processo de desalavancagem do setor privado ainda não se concluiu e o crédito caro e altamente restritivo tem contribuído para que esse processo se estenda por mais tempo.
Em tempo, destacamos que apesar do otimismo (níveis de confiança aumentando em diversos setores), o que determina a realização do investimento, além da taxa de juros, é o retorno do capital frente a demanda agregada futura, imaginada no momento de realização dos investimentos. E atualmente, a tendência é que a renda dos trabalhadores siga declinando e contraindo demanda, ao passo que o crédito siga restritivo.
Por Parallaxis
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