Parallaxis Consultoria - informações sob indicadores econômicos em geral.
O indicador de produção industrial, elaborado pelo IBGE (PIM-PF), apresentou queda pelo 31º mês consecutivo na comparação interanual. Em setembro/16 o resultado foi de -4,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já na comparação mensal, o indicador avançou 0,5%, ajustado sazonalmente, após o tombo de 3,5% em agosto/16, retornando portanto ao território positivo na margem, porém distante de devolver o recuo anterior. Em 12 meses, a produção industrial acumula retração de 8,8%.
O avanço na comparação mensal não se revelou uma surpresa em relação ao esperado, visto que a projeção da Parallaxis apontava este modesto resultado (+0,5% m/m e -5,1% a/a). Como havíamos destacado, a intensidade do resultado do mês passado foi pontual. De tal maneira, esperamos daqui pra frente uma oscilação dos resultados da produção industrial na margem, entre positivos e negativos, compatível com nosso cenário de permanência em baixo patamar de atividade por um tempo prolongado.
Temos ressaltado que recuperação se dará de maneira mais lenta e gradual que o esperado. Ainda assim, os dados sugerem ligeira melhora, devido a interrupção da deterioração.
De tal sorte, o cenário prospectivo está em linha com nossa expectativa para a produção industrial em 2016, de recuo de 6,0%.
Dentre os 26 ramos da pesquisa, em relação a setembro/15, houve queda em 19 ramos. Já em relação a agosto/16, 9 ramos pesquisados (de 24) apresentaram avanço na passagem para setembro, com ajuste sazonal, demonstrando um perfil relativamente concentrado, que determinou o desempenho na margem.
Na comparação com setembro/15, os ramos que apresentaram piores resultados, e mais impactaram, foram as produções de: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-12,5%), indústrias extrativas (-9,2%), Minerais Não-Metálicos (-15,4%), Máquinas e Equipamentos (-9,4%), Outros Equipamentos de Transporte (-24,2%) e Produtos de Fumo (-52,8%). No sentido oposto, avançaram os ramos de Produtos Alimentícios (4,0%) e Celulose Papel e Produtos de Papel (4,8%).
Na comparação mensal, os maiores avanços na margem, que impactaram o resultado global do indicador, foram os setores de: produtos alimentícios (6,4%), indústrias extrativas (2,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8% após recuar -8,8% no mês anterior), Produtos derivados e petróleo e biocombustíveis (1,2%) e Celulose, Papel e Produtos de Papel (2,8%). No sentido oposto, recuando na margem, os destaques de impacto negativo foram: Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos (-8,1%), Perfumaria, Sabões e Produtos de Limpeza (-2,7%) e Minerais não-metálicos (-5,0%).
Na abertura por grandes categorias econômicas, o destaque foi a retração intensa na margem dos Bens de Capital.
Na comparação trimestral, no 3º tri a produção industrial registrou retração de 5,5% ante o mesmo tri do ano anterior, sendo este o décimo resultado negativo nesta modalidade de comparação, porém o menos intenso desde o 4º tri de 2014. Na comparação com o tri imediatamente anterior, o recuo foi de -1,1%. Tais resultados estão em linha com o recuo de -0,7% na margem do PIB do 3º tri.
Ademais, reforçamos que estruturalmente pouco se alterou na economia que impulsione a produção industrial. Conjunturalmente, a desvalorização cambial impulsionou alguns setores da indústria conforme vimos nos resultados do 1º semestre. Contudo, a recente apreciação do Real acende uma luz amarela sobre esta possibilidade. Por fim, temos mencionado que para que a recuperação se consolide, três pontos serão importantes: (i) o câmbio, (ii) a taxa de juros real e (iii) a desalavancagem do setor privado.
A taxa cambial, se seguir um ciclo de revalorização, poderá abortar o processo de retomada. A taxa de juros real precisa recuar de modo que possibilite a retomada dos investimentos de maneira mais ampla. E por fim, o processo de desalavancagem do setor privado ainda não se concluiu e o crédito caro e altamente restritivo tem contribuído para que esse processo se estenda por mais tempo.
Em tempo, destacamos que apesar do otimismo (níveis de confiança aumentando em diversos setores), o que determina a realização do investimento, além da taxa de juros, é o retorno do capital frente a demanda agregada futura, imaginada no momento de realização dos investimentos. E atualmente, a tendência é que a renda dos trabalhadores siga declinando e contraindo demanda, ao passo que o crédito permaneça restritivo.
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