Parallaxis Consultoria - informações sob indicadores econômicos em geral.
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, apresentou variação de 0,26% na passagem de outubro/16 para novembro/16, de acordo com o dado divulgado pelo IBGE.
O indicador acelerou em relação ao mês anterior, quando havia apresentado variação de 0,19%, porém foi a menor taxa para o mês de novembro dos últimos 9 anos.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior (novembro/16: 0,85%) a taxa foi muito inferior. A inflação acumulada em 12 meses seguiu sua tendência de queda, recuando de 8,27% em outubro para 7,64% nesta leitura.
O resultado de novembro foi ligeiramente inferior ao esperado, visto que a Parallaxis esperava 0,31% e a mediana das projeções do mercado 0,29% (fonte: Valor Data).
O desvio em relação ao efetivo aconteceu devido a permanência do grupo de Alimentação e Bebidas no território deflacionário, ao passo que esperávamos inflação de 0,05% neste grupo, e pelo grupo de Transportes apresentar inflação menor que o projetado.
Dentre os nove grupos que compõem o indicador, 4 grupos ajudaram a aceleração de +0,07 p.p. na passagem do mês, sendo este: Alimentação e bebidas (de -0,25% para -0,06%); Artigos de Residência (-0,31% para 0,09%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,28% para 0,68%) e Despesas Pessoais (-0,12% para 0,47%). No sentido oposto, tornaram-se menores as taxas de inflação dos grupos: Habitação (0,60% para -0,36%), Vestuário (0,36% para -0,03%), Transporte (0,67% para 0,46%), Educação (0,06% para 0,02%) e Comunicação (0,28% para 0,16%).
Olhando a contribuição para o indicador por grupos e por ordem de impacto, temos: Transportes (0,08 p.p.), Saúde e Cuidados Pessoais (0,08 p.p.), Habitação (0,06 p.p.) e Despesas Pessoais (0,05 p.p.) e, que juntos foram responsáveis por 0,27 p.p. de impacto.
No grupo Transportes, a importante pressão inflacionária veio dos itens etanol (7,29%), multa (23,72%), seguro para veículo (2,61%), emplacamento e licença (0,80%) e gasolina (0,59%). Já em Saúde e Cuidados Pessoais, o destaque ficou por conta do item plano de saúde (1,07%). Em Habitação, os itens de destaques foram Aluguel residencial (0,4%), Mão-de-obra (0,87%) e energia elétrica (0,33%). Por fim, no grupo Despesas Pessoais, destacaram-se os itens: empregado doméstico (0,87%) e cabelereiro (0,67%).
No grupo Alimentação e Bebidas, que permaneceu no território deflacionário, destacaram-se os itens feijão-carioca (-11,84%), feijão-mulatinho (-7,82%), tomate (-6,61%) e cenoura (-4,31%), que foram compensados parcialmente pela elevação dos preços dos itens: açúcar cristal (3,73%), pescados (3,91%), batata-inglesa (3,26%), cerveja (2,36%) e carnes (1,43%).
Para o IPCA fechado de novembro/16, a tendência é que a inflação acelere marginalmente, com a continuidade da pressão dos grupos de Artigos de Residência, Saúde e Cuidados Pessoais e Despesas pessoais. Por outro lado, devem permanecer aliviando o indicador os grupos de Alimentação e Bebidas, Habitação e Vestuários. A princípio, nossa projeção é de 0,30%. Porém, a depender do monitoramento da inflação diária, especialmente de alimentos, podemos ver uma taxa abaixo disso para o IPCA de novembro.
Conforme destacamos em nossa nota do dia 14/novembro, a recente conjuntura do setor externo nos levou a alterar a expectativa dos próximos passos do COPOM. Agora esperamos que o COPOM corte a Selic em 0,25 p.p. na última reunião de 2016, neste mês de novembro, levando a Selic a encerrar o ano em 13,75% a.a.. Já, a partir do início do ano que vem, como maior clareza sobre os desdobramentos do setor externo, acreditamos que o comitê poderá acelerar seu ritmo de corte, de maneira que a Selic encerre 2017 em 10,50% a.a.. Esse aumento no ritmo de redução dos juros é crucial para colocar a taxa de juros real em território menos contracionista e auxiliar a recuperação e o processo de desalavancagem do setor privado.
O baixo nível de atividade, confirmada pela piora dos indicadores de atividade, a distensão do mercado de trabalho e a queda dos salários reais, juntamente com o recuo dos preços de alimentos, já estão exercendo pressão deflacionária significante no curto e médio prazo. Além do mais, as expectativas de mercado para inflação seguem bastante comportadas e em trajetória de queda.
Aproveitamos também a oportunidade para rever nossas projeções de câmbio, que contam com uma moeda brasileira mais desvalorizada nos próximos períodos. Projetamos que o câmbio encerrará 2016 com a média de R$3,51 de anteriores R$3,46, e para 2017, a projeção da média do ano foi alterada de R$3,30 para R$3,41. Essas alterações no câmbio não trouxeram mudanças significativas em nosso cenário de inflação, de maneira que nossas projeções para o IPCA seguem em 6,9% para 2016 e 4,8% em 2017.
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