Parallaxis Consultoria - informações sob indicadores econômicos em geral.
Foto: novovarejo.com.br
Os dados das vendas varejistas de novembro/16, divulgados nesta manhã pelo IBGE, surpreenderam avançando 2,0% na passagem do mês, de outubro para novembro, com ajuste sazonal. O resultado foi o mais expressivo na comparação mensal, desde julho/13 (+2,9%).
Na comparação interanual, novembro/16 contra mesmo período do ano anterior, as vendas do varejo apresentaram recuo de 3,5%. Em relação à nossa expectativa, os números foram superiores, de modo que a projeção da Parallaxis era 0,0% m/m e -5,1% a/a.
Com relação ao conceito varejo ampliado (que inclui automóveis e material para construção) em novembro/16, a pesquisa revelou avanço de 0,6% (expurgado os efeitos sazonais) na passagem do mês, e retração de 4,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Neste conceito, esperávamos retração de -0,4% no mês e -6,2% na comparação anual.
Os primeiros dez meses de 2016 das vendas no varejo restrito encerraram com forte recuo de 6,7%, comparado com o mesmo período do ano anterior.
Nesta mesma leitura, o varejo restrito encerrou 12 meses com -6,8%, ao passo que no varejo ampliado a queda foi mais intensa, de -9,8%, especialmente devido ao desempenho das vendas de veículos automotores, que retraíram 16,1%, e material de construção -12,3%, no mesmo modo de comparação.
O resultado expressivo de novembro foi influenciado pela antecipação das compras de dezembro juntamente com as compras que visaram aproveitar os descontos proporcionados pelas liquidações realizadas no final do mês de novembro, devido a criação de uma data especial (Black Friday) pelos varejistas, já a algum tempo, para oferecer produtos com descontos vantajosos aos consumidores.
Não à toa, as linhas mais relacionadas aos produtos que participam desta promoção (eletroeletrônicos, informática, celulares, etc.) apresentaram desempenho melhor, ao passo que aquelas que não participam tradicionalmente seguiram recuando (combustíveis, livros, vestuários, etc.).
Porém, em linhas gerais, o desempenho segue influenciado pelo crédito restrito com juros inibidores, elevação do desemprego e queda do rendimento médio dos trabalhadores, tudo isto em meio a um processo de desalavancagem do setor privado. E tais fatores não devem se reverter até o 3o trimestre deste ano, visto que as expectativas para o mercado de trabalho são de continua deterioração.
Na margem, a alta ocorreu em 5 (de 8) atividades, revelando um perfil disseminado do desempenho varejista.
Fonte: IBGE
Na comparação com outubro/16, aqueles segmentos que avançaram e foram preponderantes para o resultado foram: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,9%), artigos de uso pessoal e doméstico (7,2%), móveis e eletrodomésticos (2,1%), equipamentos de escritório, informática e comunicação (4,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,6%). De maneira oposta, recuaram as vendas de: vestuário e calçados (-1,5%), livros, jornais, revistas e papelaria (-0,4%) e combustíveis e lubrificantes (-0,4%). No Varejo ampliado, Veículos e motos, partes e peças recuaram 0,3% e Material de Construção avançaram 7,2%.
Na comparação entre novembro/16 ante novembro/15, as oito atividades do varejo recuaram, sendo por ordem de contribuição: móveis e eletrodomésticos (-7,4%), combustíveis e lubrificantes (-8,1%), tecidos, vestuário e calçados (-9,6%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,1%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-3,0%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-9,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (-11,8%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,4%). No varejo ampliado, veículos e motos, partes e peças recuou -7,6% e material de construção -4,3%.
Veja mais detalhes dos ramos de atividades que compõem o indicador, na tabela abaixo:
Fonte: IBGE
Os dados apresentados não revertem a tendência de que a atividade do 4º trimestre de 2016 ainda apresentará contração. Temos ressaltado que o setor deve manter a trajetória de recuo até meados desse ano devido ao aumento do desemprego, redução dos rendimentos reais do trabalhadores e restrição creditícia, o que tem colaborado para diminuir intensamente a demanda. Outro fator que vem influenciando negativamente é a desalavancagem pela qual o setor privado (empresas e indivíduos) está passando e que deverá persistir ao menos até 3º trimestre deste ano.
Mantemos nossa projeção de recuo de 6,6% em 2016. Já para 2017, as vendas no varejo restrito deverão apresentar estabilidade (0,0%).
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