Parallaxis Consultoria - informações sob indicadores econômicos em geral.
O balanço de pagamentos de mar/17 registrou superávit nas transações correntes, de US$1,4 bilhão, de acordo com a nota do Setor Externo divulgada pelo Banco Central, surpreendendo positivamente. O resultado se inverteu em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando havia registrado -US$864 milhões, e também em relação ao mês de fev/17 (déficit de US$936 milhões). Na comparação com mar/16, o superávit ocorreu devido ao desempenho da balança comercial, que apresentou saldo superavitário US$2,7 bilhões maior, totalizando US$6,9 bilhões em mar/17. Este aumento do saldo foi reflexo do aumento das exportações de commodities agrícolas, especialmente de soja, que tem seu pico de embarcações em março.
Dentro das Transações Correntes, o saldo da Balança Comercial foi fortemente superavitário em mar/17, registrando saldo positivo de US$6,9 bilhões, acima do resultado fev/17 (US$4,4 bilhões), devido principalmente ao avanço das exportações (+30,0%), ao passo que as importações avançaram (18,6%) em relação ao mês anterior. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o saldo comercial avançou 63,5% (mar/16: US$4,2 milhões).
A conta de serviços apresentou déficit de US$2,5 bilhões em mar/17, recuando (13,1%) na comparação interanual. A nota demonstrou que a conta de viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$880 milhões, devido ao aumento de 18,5% nas despesas em viagens no exterior. Por sua vez, a conta de aluguel de equipamentos somou despesas líquidas de US$1,6 bilhão em mar/17, recuando 8,5% na comparação com o mesmo período em 2016.
Nas rendas primárias de março, que somaram despesas líquidas de US$3,2 bilhões no mês (+30,8% a.a.), sendo que as despesas líquidas com juros somaram US$1,3 bilhão (+27,5% a.a.) e as despesas líquidas de lucros e dividendos foram de US$1,9 bilhão (+32,7% a.a.).
Na Conta Financeira o Investimento Direto no País (IDP) somou US$7,1 bilhões em março. Deste resultado do IDP, US$4,2 bilhões corresponderam a participação no capital, ao passo que houve créditos líquidos de US$2,9 bilhões referentes aos empréstimos intercompanhias.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve aumento do IDP em 28,0%. Acreditamos que a recente performance desta conta está associada a três fatores principais: I) percepção do setor externo de que a crise política se solucionou; II) que as condições macroeconômicas estão melhores (inflação em queda, juros em queda, etc.); e III) devido a transferências de capital para auxiliar no processo de desalavancagem das empresas no Brasil.
Contudo, ressalvamos que a opção do crescimento com poupança externa no longo prazo leva a apreciação cíclica da taxa de câmbio, desviando a demanda doméstica para o setor externo. Tal situação pode neutralizar parte do crescimento, simultaneamente inviabilizando exportações e voltando a piorar o balanço de pagamentos.
Ainda foram destaques na Conta Financeira, as aplicações líquidas de outros investimentos ativos totalizaram US$6,9 bilhões no mês, especialmente a constituição líquida de depósitos no exterior, de US$4,1 bilhões, e de US$2,7 bilhões em concessões líquidas de créditos comerciais e adiantamentos.
Em 12 meses, o déficit em transações correntes recuou de US$22,8 bilhões em fev/17, para US$20,6 bilhões (1,1% do PIB) em mar/17. O déficit em conta corrente seguiu majoritariamente financiado pelo IDP, que no mesmo período somou 4,62% do PIB, ou seja, US$85,9 bilhões, superando o déficit em conta corrente amplamente.
Neste ano, acreditamos que o déficit nas transações correntes deverá recuar marginalmente, com ligeiras oscilações ao longo do ano. O déficit deverá encerrar o ano em torno de 1,0% do PIB, abrandado pelo retorno das importações com a volta da atividade econômica no segundo semestre. Devido à recente performance apresentada pelo IDP, revisamos nossa projeção. De tal sorte, o IDP deverá apresentar ingressos líquidos superior ao observado em 2016, entre US$80 bilhões e US$85 bilhões.
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