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Produção industrial retrai 1,8% em mar/17, com recuos significativos de bens de capital e duráveis


Quinta-feira, 4 de maio de 2017 - 09h30

Parallaxis Consultoria - informações sob indicadores econômicos em geral.


O indicador de produção industrial, elaborado pelo IBGE (PIM-PF) recuou 1,8%, ajustado sazonalmente, após ficar estável no mês anterior. Já na comparação interanual, o indicador voltou ao território positivo, avançando 1,1%, após ter recuado 0,6% em fev/17. Em 12 meses, a produção industrial acumulou retração de 3,8%, ante queda de 4,9% em fev/17.

A retração na comparação mensal foi pior que o esperado, visto que nossos modelos apontavam para um recuo menos intenso, ao passo que a variação interanual também ficou abaixo (-1,0% variação mensal +1,3% variação anual).

O resultado não foi em si uma grande novidade, a medida que esperamos oscilações entre resultados positivos e negativos, compatível com estabilização em baixo patamar de atividade. Reforçam este nosso cenário a elevada ociosidade da capacidade produtiva na indústria, juntamente com a baixa demanda interna.

Figura 1.
Produção Industrial – Variação (%) mensal
(ajustado sazonalmente)

Figura 2.
Produção Industrial - Variação (%) anual

O cenário prospectivo está em linha com nossa expectativa para a produção industrial em 2017, de avanço de 1,0%, após recuar em média 3,8% nos últimos cinco anos.

Dentre os 26 ramos da pesquisa, em relação à mar/16, houve expansão em 16 ramos. Já em relação à fev/17, 15 ramos pesquisados (de 24) apresentaram redução da atividade na passagem para março, com ajuste sazonal.

Na comparação com mar/16, os ramos que apresentaram os melhores resultados, e mais impactaram, foram as produções de: veículos automotores, reboques e carrocerias (10,9%), indústrias extrativas (7,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (16,9%), de metalurgia (3,6%), de produtos de borracha e de material plástico (5,2%), de bebidas (5,3%).

No sentido oposto, entre os ramos que recuaram destacaram-se: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-28,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-7,0%), produtos alimentícios (-2,1%), outros equipamentos de transporte (-8,3%) e de impressão e reprodução de gravações (-14,4%).

Na comparação mensal, os maiores recuos na margem, que impactaram o resultado global do indicador, foram os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-23,8%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,3%). Outras contribuições negativas importantes sobre o total da indústria vieram de indústrias extrativas (-1,1%), de máquinas e equipamentos (-4,9%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6,4%).

No sentido oposto, avançando na margem, os destaques de impacto positivo foram dos produtos alimentícios (1,3%), produtos de madeira (3,7%), couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (2,3%), celulose, papel e produtos de papel (2,0%) e fabricação de outros produtos químicos (1,2%).

Na abertura por grandes categorias econômicas, o destaque foi o recuo intenso na margem dos Bens de Capital e Duráveis.

Veja os detalhes da abertura por categorias econômicas na tabela abaixo:

Tabela 1.
Aberturas por categorias econômicas

No acumulado em 12 meses encerrados em fevereiro deste ano, a produção industrial recuou -3,8%, com um perfil bastante disseminado entre os ramos industriais (20 dos 26). Na ótica trimestral, frente ao mesmo trimestre do ano anterior, houve avanço de 0,6%, com resultados positivos em duas de quatro grandes categorias econômicas e 15 dos 26 ramos. Destacaram-se as indústrias extrativas (8,2%) e de veículos automotores, reboques e carrocerias (11,5%).

A produção industrial de março/17 seguiu em linha com nossa expectativa para esse ano. O primeiro trimestre sofreu grande influência da safra de grãos, impulsionando setores diretos e adjacentes, e também da recomposição de estoques em outros setores. Vivendo uma conjuntura à parte, a indústria extrativa também evoluiu puxada pela demanda externa. Resta a nós avaliarmos se o desempenho será melhor nos próximos meses, ou teremos a confirmação da estabilização neste patamar de atividade, sem recuperação significativa.

Até meados de 2017 a tendência de queda na renda dos trabalhadores deve permanecer, simultaneamente, com o crédito ainda restritivo. Estes fatores tendem a deprimir a demanda, que somada a um ambiente com elevada ociosidade da capacidade instalada e um processo de desalavancagem do setor privado torna bastante difícil a retomada de maneira mais forte este ano.

Para 2017 ainda não esperamos nenhuma grande recuperação da indústria brasileira. Após cinco anos de retração, projetamos crescimento de 1,0% para produção industrial.

Gráfico 3.
Produção Industrial – Variação, em porcentagem, acumulada dos últimos doze meses.


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