Parallaxis Consultoria - informações sob indicadores econômicos em geral.
O IPCA de abr/17 registrou inflação mensal de 0,14%, desacelerando ante o mês de mar/17, quando havia apresentado variação de 0,25%. Com esse resultado, a inflação acumulada em 12 meses recuou, de 4,57% em março, para 4,08% neste mês, registrando a menor taxa acumulada em 12 meses nos últimos 10 anos.
A variação mensal ficou bem abaixo do mesmo mês de 2016 (0,61%) e foi a menor taxa para o mês desde 2000. Em relação à nossa expectativa (projeção Parallaxis: 0,18%) o resultado veio marginalmente abaixo, surpreendendo positivamente. O desvio da nossa projeção em relação ao resultado ocorreu devido à inflação de alimentos e vestuários, as quais esperávamos ser mais elevadas que o observado.
Figura 1.
IPCA (variação mensal e variação acumulada nos últimos 12 meses)
Em relação ao mês anterior, entre os nove grupos que compõem o indicador, três desaceleram ou entraram em deflação (Habitação, Despesas pessoais e Educação), ao passo que a inflação de quatro grupos acelerou (Alimentação e Bebidas, Vestuário, Saúde e Cuidados Pessoais e Comunicação), enquanto o grupo de Artigos de Residência e Transportes demonstraram deflação menos intensa.
Figura 2.
Analisando por ordem de importância na composição do resultado, com impacto negativo, o grupo de Habitação (-0,17 p.p.) foi o destaque. Já com impactos positivos destacaram-se os grupos de Alimentação e Bebidas (0,15 p.p.) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,12 p.p.).
Na análise por itens e subitens, no grupo Habitação, o grande destaque foi a redução da tarifa de energia elétrica (-6,39%) por decisão da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), com impacto de -0,22 p.p. no indicador. Tal decisão ocorreu em função de uma cobrança indevida ocorrida em 2016 de uma tarifa que era destinada a remunerar a Usina de Angra III.
No mesmo grupo, porém em sentido oposto, destacou-se o gás de cozinha (+2,63%). No grupo Transportes, gasolina (-1,75%) e etanol (-3,33%) ficaram mais baratos. Por outro lado, impactaram positivamente os itens passagens aéreas (+15,48%) e ônibus urbano (0,69%). No grupo Saúde e Cuidados pessoais, o destaque ficou por conta do item medicamentos (+1,95%). Já no grupo alimentação, que voltou ao território positivo, os destaques foram os itens tomate (+29,02%), batata-inglesa (+20,81%) e cebola (+6,03%).
Figura 3.
O IPCA seguiu em trajetória de desaceleração, nesta leitura influenciado principalmente pela redução da tarifa de energia elétrica. Enquanto os preços administrados apresentaram recuo de -0,6% (de +0,48% no mês anterior), os preços livres avançaram de 0,18% em mar/17 para 0,38% em abr/17. Contudo, tal movimento acreditamos ser pontual. Esperamos moderação nos preços dos alimentos novamente, junto com menores preços do grupo de Transportes. Ainda que haja aceleração no próximo mês devido a sazonalidade de alguns itens, a trajetória da inflação acumulada em 12 meses continuará de declínio.
Com a inflação sistematicamente surpreendendo para baixo, expectativas de inflação em queda e a atividade ainda revelando os primeiros sinais de estabilização em baixo patamar de atividade, seguimos vendo bastante espaço para corte de juros. Assim sendo, esperamos que a Selic encerre 2017 em 8,5% a.a.. Nossa projeção para o IPCA em 2017 segue em 4,1%, enquanto para 2018 a inflação esperada segue em 3,9%.
Dado este processo desinflacionário, a elevada ociosidade na economia e as comunicações recentes das autoridades monetárias, acreditamos que o BCB/COPOM deva seguir o ritmo de redução da taxa de juros definido na última reunião, cortando 1,00 p.p. na reunião do COPOM este mês (Maio).
Receba nossos relatórios diários e gratuitos