Médico-veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: www.segs.com.br
Diante de todos os acontecimentos políticos e econômicos das últimas horas, os fundamentos do mercado ficam momentaneamente deixados de lado e as referências de preço se perdem diante da gravidade da situação e dos desdobramentos ainda imponderáveis.
O mercado do boi gordo vinha numa dinâmica baixista desde o fim do ano, com aumento de oferta e problemas com a demanda no mercado interno ditando o ritmo dos negócios. Essa dinâmica vinha ganhando força nas últimas semanas, com o aumento de oferta derivado do final da safra possibilitando um grande alongamento das escalas de abate e, consequentemente maior pressão de baixa nas cotações.
O mercado futuro que já vinha refletindo essa situação, acelerou muito a queda no pregão de 18/5 na esteira do noticiário e com exceção do contrato de maio, todos os demais vencimentos da curva futura são negociados nas mínimas. Maio/17 está a R$134,00/@, jun/17 a R$133,00/@ e out/17 a R$136,00/@. O dólar abriu o pregão negociado no seu limite de alta, limite este que foi expandido pela BVMF e ao meio dia de hoje opera ao redor de R$3,40 com alta de 8,0% em relação ao pregão anterior.
Uma análise mais realista da situação só poderá ser feita à medida que as informações forem sendo divulgadas, porém o impacto de curto prazo na pecuária se dividirá entre o benefício que o dólar mais alto trará para as exportações versus o impacto sobre a saúde financeira do maior grupo frigorífico do Brasil. Não é difícil imaginar que nesse momento o pecuarista que tem alguma alternativa optará ou por não vender os animais, ou por negociar com outras indústrias não afetadas por esse noticiário. Esse redirecionamento de oferta com certeza gerará uma pressão baixista adicional no mercado, resta saber o tamanho dessa pressão e qual vai ser o novo preço de equilíbrio das cotações da carne e do boi gordo nesse final de safra.
As coisas que já não eram boas pioraram e quem ainda não tinha nenhuma estrutura de proteção terá que enfrentar a difícil situação de não saber em qual preço poderá negociar sua mercadoria. É importante manter a calma e analisar friamente as alternativas disponíveis. A maioria das indústrias de São Paulo está fora das compras na manhã de hoje e até a poeira baixar, o pecuarista que puder deve ficar também fora das vendas.
Matéria publicada em: 18/05/2017 no informativo Boi & Companhia, edição 1235.
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