Médico-veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
O mercado futuro parece que finalmente encontrou um fundo e colocou fim a uma sequência de mais de dez pregões de queda, que trouxe os contratos de jul/17, ago/17 e out/17 para suas mínimas a R$116,60/@, R$118,20/@ e R$117,89/@, respectivamente. Depois destas mínimas serem atingidas, nessa verdadeira situação de pânico, o mercado futuro conseguiu reagir e o contrato de outubro corrigiu pouco mais de 50,0% da queda acumulada desde os R$132,00/@, subindo até os R$126,50/@ mas não conseguiu sustentar os ganhos e opera atualmente ao redor de R$124,50/@.
O que não mudou da semana anterior para essa foram basicamente duas coisas: a volatilidade do mercado futuro que continua altíssima e a oferta de bois no mercado físico que também permanece grande, apesar de o Indicador Esalq à vista não estar refletindo essa realidade até o momento. O cenário de final de safra deve ser o que vai prevalecer nas próximas semanas e até consumirmos todo o estoque de animais retidos, desde março na Operação Carne Fraca. A pressão baixista no mercado físico deve continuar.
Como a volatilidade é um dos componentes do modelo de precificação de opções, toda a alta ocorrida recentemente tem como efeito colateral o encarecimento do prêmio pago na compra de opções de compra ou de venda. Essa situação dificulta ainda mais a vida de quem ainda não comprou seguro contra queda de preços e deseja aproveitar a subida do mercado futuro para fazê-lo. Para se ter ideia do impacto disso, tomando como exemplo uma opção de venda para outubro de nível R$120,00/@ com o mercado futuro cotado a R$124,50/@, na volatilidade de 15,0%, que é a negociada atualmente, essa put custaria R$2,30/@. Usando como referência o padrão histórico do boi de uma volatilidade ao redor de 9,0%, a mesma put custaria R$0,90/@.
Apesar de ser possível que a volatilidade volte um pouco dos níveis mais altos das últimas semanas, é bem provável que ela não retorne ao seu padrão histórico até outubro pelo menos. Hoje temos 13.156 lotes de opções de compra em aberto e 13.142 de opções de venda, em um mercado futuro que possui apenas 6.704 lotes em aberto. A consequência disso é que qualquer movimento de alta ou de baixa tende a ser exacerbado pela ação dos participantes vendidos em opção, que necessitarão proteger essas posições comprando ou vendendo contratos no mercado futuro num movimento que é auto alimentado, ou seja, quanto mais cair, mais eles terão que vender, ou quanto mais subir mais eles terão que comprar, ampliando o movimento.
Um cenário de alta volatilidade não é o que os participantes do mercado de boi gordo estão acostumados a vivenciar diariamente, porém quem atua nesse mercado terá que se acostumar a isso, já que muito provavelmente essa realidade vai permanecer nos próximos meses.
Qual a expectativa para os preços da soja no Brasil em janeiro de 2025?
Receba nossos relatórios diários e gratuitos