Médico-veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: boinanet.com.br
Nessa semana os mercados físico e futuro de boi gordo aparentemente responderam a fundamentos diferentes um do outro. Enquanto o mercado físico continua mantendo a tendência altista de preços firmes e escalas curtas, o mercado futuro operou em forte queda e nesse movimento devolveu todo o ágio acumulado nas últimas semanas.
O Índice Esalq à vista terminou a semana passada cotado a R$136,25/@ e, está cotado atualmente em R$138,58/@. Já no mercado futuro o contrato de outubro caiu do patamar acima de R$142,00/@ para R$138,00/@ no pregão de 23/8, porém, na manhã do pregão de 24/8 já dava algum sinal de recuperação sendo negociado na faixa dos R$139,00/@.
O movimento do mercado futuro é reflexo da confiança do mercado de que o ágio embutido nos preços das últimas semanas será efetivo no sentido de trazer mais oferta para o segundo giro do confinamento. Essa percepção se reflete na “inversão” da curva de preços futuros, onde os contratos de outubro e, mais notadamente de novembro, operam hoje abaixo do preço do mercado à vista, contrastando com o ambiente firme vivido no mercado físico.
Chamou atenção nessa semana os dados das exportações de agosto, com os embarques se acelerando frente aos números já positivos de julho e indicando embarques ao redor de 115 mil toneladas para o mês. Esse nível de embarque se confirmado, colocará agosto como o terceiro maior volume já embarcado em um mês pelo Brasil e retoma patamares só observados em meados de 2014.
Na situação atual em que a indústria exportadora não possui a previsibilidade de fornecimento de matéria-prima proporcionada pelas compras “a termo”, o alto nível das exportações agrega um fator altista para o mercado. Com contratos de embarques já firmados com importadores e sem a oferta de bois garantida, a disputa pela matéria-prima disponível tende a ser grande, colocando o produtor que possuir animais prontos numa posição bastante vantajosa na negociação. Caso esse nível de embarques se mantenha nos próximos meses, esse tenderá a ser um fator muito importante no rumo dos preços no restante do ano.
A queda do mercado futuro na semana acabou assustando muita gente, porém é necessário analisá-la com uma certa perspectiva, já que após subir mais de R$20,00/@, uma correção de R$4,00/@ é até certo ponto esperada e não necessariamente altera os rumos do mercado no médio prazo. Quem vai ditar o ritmo das cotações é justamente a oferta de matéria-prima disponível frente ao apetite da indústria e, no curto prazo não parece haver mudanças bruscas nos fatores dessa equação.
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