Médico-veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: Scot Consultoria
O mercado físico de boi gordo continua em franca recuperação e até agora, as fortes altas ocorridas nas últimas semanas, não foram suficientes para trazer alívio às programações de abate que seguem muito apertadas e nos menores patamares do ano. Em São Paulo inclusive já foram reportados negócios até de R$150,00/@, livre de Funrural, sendo esse o valor pretendido pelos pecuaristas que possuem maior volume de animais disponíveis. O Indicador à vista que terminou agosto cotado em R$143,20/@ já está cotado em R$ 145,77/@ com máxima de R$149,27/@ refletindo as negociações de R$150/@, à vista, livre.
O mercado futuro também vinha em franca recuperação, porém, as últimas noticias com relação ao possível cancelamento da delação premiada dos executivos da JBS trouxe apreensão e colocou um freio na trajetória altista ocorrida até então. O contrato de outubro, que vinha sendo negociado acima dos R$143,00/@, recuou R$1,00 e agora é negociado ao redor dos R$ 142,00/@.
A reação do mercado futuro pode até ser considerada bastante tímida frente ao tamanho do “barulho” feito pela imprensa com essa notícia, já que com certeza todos ainda tem muito fresco na memória, tudo o que aconteceu nesse ano com o fluxo negativo de notícias envolvendo a empresa. Dessa vez tanto a situação de mercado quanto a situação da empresa são bem diferentes da enfrentada em final de maio e para reverter a dinâmica de alta do mercado físico aparentemente será necessário mais do que especulações com relação ao cancelamento ou não de uma delação premiada, porém, é natural que diante disso o mercado de uma parada técnica para analisar melhor a situação.
Sem um aumento mais consistente da oferta de animais para abate, fica difícil se estabelecer uma pressão baixista efetiva no físico, já que as exportações seguem em alta, com os embarques de agosto de carne in natura chegando a 120 mil toneladas, maior volume exportado pelo Brasil nos últimos 10 anos. As notícias referentes aos embarques de setembro dão conta de que esse ritmo forte tende a ser mantido nesse mês. Além disso com a carne no mercado interno sendo negociada a R$9,91/Kg mesmo as indústrias pequenas terão mais interesse em colocar bois na escala do que exercer pressão de baixa no físico. Com o físico nessa toada fica difícil o fluxo negativo de notícias causar grandes estragos no futuro, porém algum aumento de volatilidade sempre é esperado.
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