Médico-veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: Scot Consultoria
Aos poucos o tumulto criado pela prisão dos executivos da JBS vai sendo dissipado e o mercado do boi gordo voltou a trabalhar em ambiente firme em todo o Brasil. A pouca oferta de animais para abate é o principal fator que vem influenciando as cotações ao longo de toda a entressafra e permanece sendo o grande ponto a dar sustentação para os preços atualmente, já que as cotações da carne no mercado interno perderam força e até o momento limitam o apetite da indústria nos preços atuais.
Após as fortes quedas no início da semana passada, o mercado futuro se recuperou muito rapidamente e o outubro, que trabalhou durante grande parte do mês até a R$3,50 abaixo do setembro, ganhou força e agora está cotado mais de um real acima, invertendo assim a expectativa vigente no mercado de que os preços perderiam sustentação a partir de outubro.
As boas notícias na semana não se limitaram apenas à recuperação das cotações no curto prazo, mas houve também uma maior movimentação para os vencimentos de maio e outubro de 2018, que começam a construir uma curva de preços que já pode ser usada como referência para o planejamento das ações em 2018. É óbvio que os volumes negociados ainda são pequenos e, portanto, as referências devem ser analisadas sob essa ótica, mas a movimentação atual não deixa de ser digna de nota. Maio/18 tem atualmente 303 contratos em aberto e out/18 possui 423 contratos em aberto.
Pelos ajustes do pregão de 27/9, o contrato de maio estava cotado em R$145,00/@, um carrego de R$2,22 frete ao fechamento de dezembro/17 e R$3,64 frente a janeiro/18. Uma forma de se aproveitar desse ágio pode ser a operação de spread comprando um vencimento mais curto (por exemplo jan/17) e vendendo maio/17. Como o custo da engorda a pasto na safra acaba sendo muito remunerador frente ao preço de venda, o ideal é sempre postergar ao máximo a venda dos animais, enquanto a curva de ganho de peso for positiva. Com esse ágio travado, o pecuarista poderia escolher até o o final de janeiro qual seria o mês mais favorável para vender seus animais com o máximo ganho.
Apesar de ainda ser muito cedo para qualquer decisão para a entressafra de 2018, que dependerá muito da expectativa do mercado de grãos, o contrato de out/18 também vem trabalhando em ambiente positivo, fechando o pregão de 27/9 cotado em R$150,26/@. Será muito positivo para o mercado caso esses vencimentos mais longos consigam ampliar sua liquidez e propiciem a execução de estratégias de hedge com tanto tempo de antecedência. Ficamos na torcida para que isso aconteça.
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