Zootecnista, formado pela Universidade Estadual Paulista - UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP.
Foto: Scot Consultoria
Após as turbulências vivenciadas no mercado do boi gordo em 2017, espera-se que em 2018 o mercado navegue de acordo com os seus fundamentos, sem a influência de fatores externos.
Reposição
O cenário vigente no final de 2017 é de baixa, reflexo do acúmulo de oferta que se estabeleceu no mercado após o criador vivenciar entre 2014 e 2015 os melhores patamares de preços para o bezerro, nos últimos 20 anos.
Para 2018 a expectativa é de que a oferta de bezerros continue crescente, pois em 2016 foram abatidas menos fêmeas que em 2015.
Na estação de monta em 2016, mais vacas e novilhas estiveram disponíveis para reprodução. Os bezerros gerados serão desmamados e chegarão ao mercado em 2018, o que tende a pressionar as cotações.
Apesar do preço em queda, a sugestão é de que o criador mantenha o nível de investimento da atividade para aproveitar o mercado quando ele se recuperar.
Vale destacar que a quantidade de fêmeas abatidas no primeiro semestre de 2017 foi maior que no mesmo intervalo de 2016, o que mostra a tendência de menor oferta de bezerros a partir de 2019, movimentação que molda o ciclo pecuário de preços.
Já para o recriador e invernista, 2018 traz um cenário que pode ser de oportunidades.
O bezerro é o principal item de custo no sistema de recria/engorda. Com preços decrescentes para a reposição, está possível iniciar a operação “menos pressionado” o que certamente facilitará na apuração de resultados.
Confinamento
A atratividade do confinamento é determinada principalmente pela compra do boi magro e insumos, além das expectativas em torno das cotações futuras no mercado do boi gordo.
Se confirmada a retração nos preços para os bovinos para reposição do rebanho, este será um fator positivo para o confinamento.
Em contrapartida, a cotação dos grãos deve subir.
Com a menor oferta projetada para o milho de primeira safra e soja, deveremos ter cotações mais altas. Porém, com o elevado estoque de milho, as valorizações não devem ser acentuadas para o grão.
É claro que esta conjuntura dependerá do câmbio e do clima.
Se confirmado este cenário de custos maiores para a alimentação e menores para a reposição, o tamanho do confinamento deverá ser ditado pelo comportamento do mercado futuro.
Oferta x demanda
Com o cenário de preços pouco atraentes para a venda de bezerros, a tendência para 2018 é de maior oferta de vacas e novilhas para abate, principalmente no primeiro semestre.
Outro fator a ser considerado foi o atraso das chuvas em 2017 em boa parte do Brasil Central, o que atrasará a oferta de boiadas de pasto. Este fator deve gerar maior volume de boiadas disponíveis no começo de 2018.
Somando a este cenário, a demanda de primeiro semestre, sazonalmente fraca, é possível haver pressão de baixa sobre as cotações do boi gordo, com destaque para a desova de final de safra, entre abril e junho.
Se a tendência para a primeira metade do ano é de cenário menos otimista, em relação às cotações da arroba, o segundo semestre aponta para uma possível reação.
Isso porque, além da recuperação econômica em curso, com o montante extra de capital movimentado pelas eleições, devemos ter o segundo semestre com maior consumo.
Na média, em anos de eleições, municipais e presidenciais desde 1996, a cotação da arroba do boi gordo no segundo semestre subiu 8,5%. Este número está acima da média de todos os anos desde o início do Plano Real, cuja média é de 7,5%.
É claro que esse cenário de melhores preços em anos de eleições não é regra, mas deve ser considerado como um fator positivo para o mercado.
Conclusão
Para 2018 a expectativa é de maior oferta de animais de reposição e consequentemente de maior quantidade de fêmeas para abate.
Isso pode causar um maior acúmulo de oferta no primeiro semestre e pressionar as cotações da arroba para baixo.
O que pode amenizar o impacto dessa oferta maior para abate é o consumo.
Apesar de o cenário econômico depender muito das próximas eleições, é possível dizer que a tendência para a economia em 2018 é positiva e que a fase crítica da recessão ficou para trás.
Para o pecuarista a dica é se proteger dos riscos, através do uso de ferramentas disponíveis no mercado futuro, e ser cada vez mais produtivo.
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Texto publicado na edição de dezembro da Revista Coopercitrus.
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