Médico-veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: Shutterstock
A queda de braço entre produtores e indústria segue sem nenhuma alteração do cenário traçado nas últimas semanas, ou seja, produtores relutando em vender, indústrias relutando em subir preços e escalas de abate permanecendo nas mínimas recentes, sem que isso provoque alteração nos preços. O grande "culpado" por essa situação é a carne no atacado que vinha sem sinais de melhora significativa na demanda e assim pressionando a margem das indústrias no mercado interno.
Quando olhamos a imagem da margem da indústria (diferença entre preço de venda da carne com osso versus o preço de compra do boi gordo) é possível verificar a forte queda no resultado a partir de dezembro de 2017 (figura 1), porém, comparar o resultado atual com a média de 2017, que foi o melhor ano de margens da história, pode passar uma imagem pior do que ela realmente é.
Figura 1.
Diferencial entre a carcaça bovina e o preço do boi gordo a partir de 2017.
Fonte: Radar Investimentos / Cepea
Uma comparação mais justa seria com a média das margens em um período maior de tempo e analisando a situação desde 2012, por exemplo, temos um cenário um pouco diferente (figura 2).
Figura 2.
Diferencial entre a carcaça bovina e o preço do boi gordo desde 2012.
Fonte: Radar Investimentos / Cepea
Para colocar números no cenário, em 2017 o preço médio de venda da carne com osso no atacado foi 7,65% acima do preço de compra do boi gordo e a média de 2012 até agora é de -1,34%, patamar bastante próximo do que estamos atualmente.
Obviamente, a análise apenas da margem de venda da carne com osso não é suficiente para saber com exatidão a situação das indústrias no momento, outros fatores importantes como a venda de couro, sebo e miúdos tem papel importante na composição dos resultados. É natural que a indústria brigue para preservar suas margens, porém, analisando a situação atual, tendo como base um período mais longo de tempo, mostra que talvez a situação não seja tão crítica como parece.
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