Engenheira agrônoma, formada pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo.
Foto: Scot Consultoria
O incremento da quantidade de bois abatidos de 1997 a 2017, foi de aproximadamente 8,9 milhões de cabeças, considerando as inspeções federal, municipal e estadual (IBGE).
Foi um acréscimo de 114% no período ou de 449 mil cabeças/ano em média.
A quantidade de bovinos abatidos é sempre maior na segunda metade do ano em decorrência da maior demanda interna (gráfico 1).
Figura 1.
Total de bois gordos abatidos semestre a semestre.
Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Primeiro semestre x segundo semestre
Com o passar dos anos, houve uma evolução na diferença entre os números do primeiro com o segundo semestre. Em 2017 esse valor foi 187% maior comparado a 1997. O aumento, ao longo dos anos, dessa diferença de abates entre os semestres foi decorrente do crescimento do rebanho nacional, dos bovinos confinados e do crescimento da renda per capita da população.
Peso da carcaça
Aumentou a quantidade de bovinos abatidos e aumentou também o peso da carcaça. Durante esses vinte anos o peso médio da carcaça de machos, que em 1997, era de 247,23kg, em 2017 foi de 283,5kg. Um aumento de 14% por carcaça por animal, ou 35,87kg (figura 2).
Figura 2.
Peso médio de carcaça por bovino abatido no Brasil, em kg.
Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.
Esse ganho de peso de carcaça é um indicador do incremento de tecnologia na atividade.
Evolução e involução
No Brasil a amplitude do uso de tecnologia na pecuária é grande, existem propriedades rurais com sistemas produtivos de alta eficiência e outras com sistemas de baixa rentabilidade e produtividades abaixo do potencial da fazenda. Essa realidade difere do que é encontrado nas lavouras, pois o pasto, principal insumo para o ganho de peso animal, é um investimento de longo prazo e as perdas pela falta de tecnologia investida não são abruptas como na produção de grãos.
Essa diferença no uso da tecnologia tende a ser cada vez menor pois aquele que não estiver à frente das possibilidades de melhoria da rentabilidade perde espaço e sai da atividade.
Produção de carne
Essa linha de raciocínio favorece o crescimento acentuado da pecuária nacional, mas mesmo se a atividade manter o mesmo ritmo de crescimento, podemos projetar um incremento de 30,50 milhões toneladas de carne nos próximos 20 anos, o que corresponde a um aumento de aproximadamente 50% do abate atual.
De acordo com a FAO/OECD no Agricultural Outlook 2017-2026 o consumo per capita será impulsionado majoritariamente pelo crescimento da população, diferente da última década em que o consumo mundial foi impulsionado principalmente pelo acréscimo na renda da população em países em desenvolvimento. Ao final de 2016, foi projetado que o consumo per capita da população em países em desenvolvimento permaneceriam em 1/3 dos países desenvolvidos. Neste cenário a demanda de carne bovina mundial para a próxima década será de 9milhoes de toneladas, 3 milhões a mais que na década passada.
Final
Por fim, a projeção do consumo de carnes bovinas é crescente, mas em ritmo menor. Isso não quer dizer que futuramente não teremos mercados para explorar, mas que a adaptação frente às exigências do consumidor deverá ser cada vez melhor explorada para a captação de mercados hoje não conquistados.
Referências Bibliográficas:
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Disponível em:<https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1092>. Acesso: 05/06/2018.
FAO. Food and Agriculture and Organization of United Nations OECD. Organization for Economic Cooperation and Development.